O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) e o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) determinaram a retirada de um lote das bombonas de 20 litros da água Sarandi dos mercados. A medida vale para todo estado, e os comerciantes foram comunicados por meio de memorando na tarde dessa sexta-feira.
A decisão foi tomada após análise laboratorial, na qual foi detectada a presença da bactéria pseudomonas aeroginosas acima dos limites estabelecidos, a mesma encontrada nos lotes da Água do Campo, durante a Operação Gota D’Água, deflagrada em junho, no Vale do Taquari. Desde então, o MP tornou os processos de fiscalização mais rigorosos, como explica o promotor de Justiça, Mauro Rockenbach.
“Todas as marcas estão sendo, e continuarão a ser monitoradas”, afirma Rockenbach. Até o momento, apenas no lote 239 da marca Sarandi foi encontrada a bactéria. Este foi fabricado em agosto deste ano, e tem validade até fevereiro de 2017. De acordo com o promotor, o micro-organismo se instala nas tubulações das fábricas por falta de higiene.
A bactéria é responsável por infecções em organismos debilitados. Essa característica, associada à sua resistência a um grande número de antibióticos, a torna uma das principais causas de infecções hospitalares.
Suspeitas no Vale do Taquari
Em junho passado, o mesmo Gaeco – também sob coordenação de Rockenbach – realizou uma operação em conjunto com a Vigilância Sanitária Estadual, Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e Receita Estadual. Na ação, o MPE interditou a sede da Campo Branco Ltda, instalada no interior de Progresso.
O MPE também cumpriu três mandados de prisão contra dois gerentes da empresa, Ademar Paulo Ferri e Paulo Moacir Vivian, e o químico industrial da Campo Branco, Marcelo Colling. Para os investigadores, houve dolo na venda da água pois os “empresários e o funcionário teriam pleno conhecimento, por meio de laudos, da contaminação do produto por bactérias”.
A denúncia foi acatada pela justiça em julho. Além dos três, o MP acusa outros dois sócios: Ermínio Vivian e Norberto Ferri, e também os funcionários da empresa, Natan Reckziegel, Diego Pellenz e Cerilda Fátima de Oliveira. Todos negam qualquer dolo. O ex-chefe da 16ª Coordenaroria Regional de Saúde (CRS), Vitor Hugo Gerhardt, foi investigado mas morreu antes da denúncia.