Após mais de 80 anos, CBR anuncia fim das atividades

Teutônia

Após mais de 80 anos, CBR anuncia fim das atividades

Empresa não conseguiu reverter crise devido à oscilação do mercado externo

Após mais de 80 anos, CBR anuncia fim das atividades
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Leno Giovani Samuel, 29, ingressou na empresa Couros Bom Retiro em 2002. A fábrica com mais de 85 anos foi o primeiro emprego no bairro Canabarro. Os primeiros anos de trabalho foram na produção, mas com o tempo ganhou oportunidades e se consolidou como encarregado no setor da secagem, das 5 às 14h.

Há duas semanas, depois de quatro anos e seis meses dedicados ao CBR, Leno foi desligado da empresa devido à redução do quadro funcional, reflexo da instabilidade financeira da fábrica. “Foi onde tive oportunidade de aprender. O curtume era mais do que um emprego, era como uma família. Todo ano parava um pouco. Sempre tinha uma queda na produção, mas não imaginávamos que seria tão grave”.

Leno se tornou pai de uma menina faz três meses e aproveita o seguro-desemprego. Com a falta de outras empresas do ramo na região, terá que procurar outro emprego. “O pessoal que trabalhava ali estava fazia muito tempo. Todos estavam acostumados e eram amigos ali dentro. O que levo para minha vida é o aprendizado de liderança. Aprendi a liderar uma equipe. Conseguimos desenvolver ambiente de trabalho bom. Isso é o que todos sentiram. Levarei para outro lugar essa experiência”.

Dificuldade no mercado

A crise na empresa se tornou evidente quando as demissões iniciaram. Do pico de 300 funcionários registrados neste ano, divididos em três turnos, restam apenas 50 em turno único. Os trabalhadores encerram um pedido, na confecção de tapetes. Com término do serviço, a fábrica será fechada.

Conforme o gerente corporativo, Nestor Magalhães, 59, não há previsão de retomada. A empresa já apresentou quedas na produção, mas sempre com a expectativa de melhora no quadro financeiro. Dessa vez, a tendência é que encerre atividades. “Não se tem um segundo plano e dificilmente algum investidor aplicará dinheiro para recuperar. O problema está no mercado”.

Para Magalhães, foi uma decisão difícil, mas que mantém relação positiva com os funcionários. “Já estamos encerrando as atividades para não entrar em débito com os trabalhadores. Todos receberam e foram indenizados. Pensamos assim para evitar problemas como em outras empresas”, destaca Magalhães.

O CBR está instalado em Canabarro faz mais de 85 anos e trabalha com o curtimento, preparação e acabamento de artefatos em couro. A empresa exportava principalmente para a China, Estados Unidos e Itália.

A crise iniciou com a oscilação do preço do dólar. Por outro lado, o preço da matéria-prima se manteve e tende a aumentar, devido à seca que ocorreu no Mato Grosso – principal fornecedor de couro. Segundo dados da Associação das Indústrias de Curtume do RS (Acicsul), houve queda no abate de gado em 7,85%, total de 387,52 mil animais.

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