Brincadeiras auxiliam no desenvolvimento infantil

Comportamento

Brincadeiras auxiliam no desenvolvimento infantil

Com o avanço das tecnologias e o crescimento das cidades, brincadeiras na rua foram substituídas por aparelhos eletrônicos por algumas crianças. O papel dos pais é motivar a manutenção desses hábitos e proporcionar momentos de diversão aos filhos

Brincadeiras auxiliam no desenvolvimento infantil
Vale do Taquari

Bolita, taco, peão e até um forte apache. Essas eram as brincadeiras mais recorrentes na infância de Alexandre Schmidt. Criado em Triunfo, ele lembra com carinho da época em que passava tardes brincando com os vizinhos e amigos. A diversão era tanta que esqueciam da hora de voltar para casa. Mesmo assim, os pais não se preocupavam pois confiavam ser um local seguro para os filhos.

A realidade vivida hoje por Schmidt com os filhos Miguel, 2, e Gabriel, 13, é muito diferente. A praça próximo ao apartamento da família, apesar de convidativa, só pode ser visitada durante o dia. A preocupação com as crianças é grande. “Não é a mesma coisa. Hoje a violência e a criminalidade nos deixam inseguros.”

Por isso, a brincadeira acaba sendo dentro de casa. Mesmo depois de passar o dia na escolinha, as crianças não perdem o fôlego ao retornar ao fim da tarde. O tapete vermelho da sala fica colorido de tantas peças e brinquedos. A imaginação vai longe, e até correr de um lado para o outro e pular do sofá para o chão vira entretenimento.

Mesmo ocupados com a rotina corrida de trabalho e as tarefas de casa, Schmidt e a mulher, Cibele Kalsing, percebem a importância de dar uma pausa para brincar com os filhos. Os eletrônicos são ignorados por Miguel a maior parte do tempo. O pai empresta o smartphone apenas para o pequeno assistir a desenhos no YouTube.

Os meninos se soltam quando a família viaja para o interior. É quando podem brincar livremente, sem se preocupar com segurança ou horário. A satisfação de poder ser criança dá brilho aos olhos de Schmidt e Cibele. Mas os meninos só podem entrar no carro para voltar para casa depois de um banho, contam em meio a risadas. Sair do apartamento para brincar é importante para o desenvolvimento da criança, concordam pai e mãe. “É quando ela vê o mundo real, e se prepara para encará-lo futuramente”, finaliza Schmidt.

Tempo para ser criança

As atividades extracurriculares acabaram se tornando um impedimento na família de Carolina Becker Porto Fransozi. Neste ano, ela e o marido Alexandre optaram por diminuir a carga horária inversa ao colégio para que os filhos pudessem curtir um período livre. E deu certo. Agora, Caio, 8, e Sofia, 11, têm tempo suficiente para brincar.

Andar de patinete, correr e subir em árvores está entre as atividades preferidas dos pequenos. Mas Caio não deixa de dar atenção aos jogos eletrônicos. Por isso, os pais tiveram de buscar um equilíbrio e hoje limitam o tempo de uso dos aparelhos tecnológicos.

Para Caroline, é compreensível que hoje muitas crianças deixem de brincar fora. Os próprios pais não as incentivam com medo da insegurança. Por isso, é importante a motivação, diz. As crianças se acomodam em ficar dentro de casa, e aquele “empurrãozinho extra” é sempre bem-vindo. A família acredita que as brincadeiras são essenciais para o desenvolvimento social e cognitivo da criança.

2016_10_08_arquivo_pessoal_psicologaBrincadeira é coisa séria

Parte importante do desenvolvimento infantil, as brincadeiras devem ser incluídas na rotina da criança. Segundo a psicóloga clínica Julia Fensterseifer Isse, é por meio delas que a criança aflora a imaginação e criatividade. “É utilizada como forma de comunicação e simbolização.” As brincadeiras proporcionam à criança se relacionar consigo, com as pessoas ao redor e o mundo de forma geral.

Diversos fatores fizeram com que as crianças deixassem de lado brincadeiras antigas. Qual a importância de uma intervenção para que esses costumes não se percam com o tempo?

Julia – A brincadeira na rua é uma forma que as crianças têm de interagirem com as mais diferentes pessoas, de diferentes idades. Além disso, são brincadeiras em que elas se movimentam bastante e utilizam o corpo para isso.

Em lugares como parquinhos, ruas e lugares abertos em geral, as crianças têm experiências corporais porque em muitos momentos utilizam o corpo para brincar. Elas entram em contato com o ambiente, com outras crianças, com elas mesmas e com os pais. Esse tipo de experiência é benéfico para o desenvolvimento da criança. Além disso, é forma de convívio com a sociedade, ao descobrir novas brincadeiras, aprender a respeitar o próximo e a relacionar-se com ele.

Hoje é comum ver crianças brincando com computadores, celulares, tablets e videogames. Uma relação excessiva com a tecnologia é prejudicial?

Julia – A tecnologia faz parte da rotina de todos nós, logo, integra o cotidiano das crianças. Se esse uso for com limites e moderação, pode trazer benefícios para o desenvolvimento, como na aprendizagem. Porém, é preciso ter alguns cuidados.

Exemplo: não deixar a criança brincar apenas com os eletrônicos. Esses não podem ser usados como forma de manter a criança quieta por horas. Ela precisa brincar com outros brinquedos e pessoas. Que seu relacionamento seja com pessoas e não com a tecnologia. É importante que haja equilíbrio entre as brincadeiras com eletrônicos e aquelas mais livres e de maior interação com pessoas e o meio ao qual a criança está inserida.

Brincadeiras a serem lembradas

amarelinhaAmarelinha

O jogo da amarelinha é uma atividade infantil tradicional no Brasil. Ajuda as crianças a conhecer e escrever os números, e também desperta e exercita habilidades como contar, raciocinar e se equilibrar. A sequência numérica que se exige para brincar de amarelinha incentiva a criança a desenvolver o raciocínio lógico-matemático. Os saltos ou pulos dão mais agilidade, coordenação e força. É uma brincadeira que auxilia o desenvolvimento motor das crianças.
bolitaJogo de bolita

Há diversas formas de jogar, mas os objetivos são praticamente os mesmos. Com um impulso do polegar, atira-se uma bolinha tentando atingir o alvo marcado previamente (triângulo ou buraco) ou tomar as bolinhas dos adversários ao acertá-las. O “mata-mata” é a versão mais simples e não tem limite de jogadores. Coloca-se apenas uma bolinha de tamanho grande no chão. O primeiro jogador precisa acertá-la. Se não conseguir, é a vez do próximo, que tenta acertar a bolinha do primeiro e assim sucessivamente. Se o jogador conseguir acertar a bolinha do adversário, recebe uma ou mais, conforme combinado antes.

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