Ex-funcionários da Blip cobram pagamento de indenização

Teutônia

Ex-funcionários da Blip cobram pagamento de indenização

Categoria organiza manifestação para cobrar direitos trabalhistas da empresa

Ex-funcionários da Blip cobram pagamento de indenização
Teutônia

Em frente ao prédio da antiga fábrica de calçados Blip, os ex-funcionários relembram os episódios que marcaram a falência da empresa. Líria Ludwig, 51, dedicou 17 anos de trabalho no setor da modelagem. As lembranças do convívio com colegas e do sistema de produção alegram. No entanto, a tristeza vem à tona quando o assunto é a dívida que ficou com os funcionários. “Era uma empresa boa de trabalhar. Nunca achei que os patrões fariam isso conosco.”

Líria suportou os atrasos no pagamento do salário, até perceber que as chances de recuperação econômica eram mínimas. Ela e os colegas realizaram manifestação em frente à fábrica. Uma reunião foi convocada e contribuiu para que aceitasse trabalhar, mesmo com os direitos parcelados. “O patrão disse que daria a camiseta do corpo para manter a empresa de portas abertas”.

Na semana seguinte, todos colaboradores receberam folga. Quando retornaram, foram notificados de que a produção havia encerrado.

Paulo Krüger, 38, viveu situação semelhante. Depois de 18 anos, foi prejudicado. Em 2007 havia comprado uma motocicleta e contava com o dinheiro dos direitos trabalhistas para quitar a dívida. “Tive que devolver a moto porque não consegui pagar”.

Ana Paula Franck da Silva, 33, abasteceu a esteira na montagem por quatro anos. Ela teve de pedir demissão devido aos atrasos no salário. “Meu filho tinha 1 ano e eu não conseguia me virar com as contas e creche. Recebíamos o pagamento sempre no dia 15. Tive de sair e procurar outro emprego”.

Líria, Krüger e Ana fazem parte de uma lista com mais de mil pessoas que alegam direitos a receber da fábrica. Para quitar a dívida que aumenta em juros faz 16 anos, parte do prédio foi a leilão. A outra parte é alvo de briga judicial por estar em nome do sogro de um dos sócios da empresa. Os ex-funcionários afirmam que há R$ 2 milhões reservados para deduzir no débito. Entretanto, os advogados e representantes da massa falida buscam a inclusão de todos os nomes para liberar o recurso, o que atrasa ainda mais o processo.

“Irão esperar o pessoal morrer?”

Cláudio Lopes de Queiroz, 44, trabalhou por dez anos no setor de manutenção. As audiências que não definem pagamento e a falta de respostas desanimam. A revolta fica ainda maior quando lembra do irmão que trabalhou por três anos, foi demitido sem receber e não está mais vivo para esperar. “Irão esperar o pessoal morrer para daí começar a pagar o que devem? Quem receberá daí, os filhos?”. Lopes pede a liberação de parte do dinheiro.

Maria dos Anjos trabalhou dos 30 até os 38 anos na fábrica e exige o pagamento. “Eu fazia hora extra até a meia-noite para terminar o serviço, na esperança de receber. Agora quero o que é meu por direito. Deveriam ter fechado antes, como o Reiffer fez. Terminou a produção e pagou todos os funcionários.”.

Aos 56 anos de idade, Ester Porsche clama para receber o direitos de 16 anos e três meses de trabalho. Ela questiona a velocidade em que a Justiça trabalha e a presença do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Calçadistas (Siticalte). “Fui participar de uma reunião e fiquei sabendo que eu não estava junto na lista dos primeiros a receber. Ou pagam todos, ou não pagam ninguém”.

No mês passado, 40 ex-funcionários foram até o Siticalte para questionar. Apenas aqueles com processo encaminhado pelo sindicato puderam participar da reunião. Os demais foram impedidos de ouvir a explanação.

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