Produtores trocam criação de suínos por plantio de hortifruti

Cruzeiro do Sul

Produtores trocam criação de suínos por plantio de hortifruti

Estrutura foi adaptada para produzir hortifruti. Meta é diversificar a lavoura

Produtores trocam criação de suínos por plantio de hortifruti
Vale do Taquari

Após trabalhar durante três anos na criação de suínos no ciclo de terminação, o agricultor Felipe Cristiano Sehn, 25, de Linha Primavera, desistiu da atividade. “Era muito investimento e pouco retorno.”

Na época, vendeu alguns implementos agrícolas e aplicou o dinheiro na montagem de uma empresa de chapeação e pintura em parceria com um amigo. Sem obter o resultado desejado, retornou à propriedade.

Durante uma tarde de campo sobre o cultivo de hortigranjeiros promovida pela Emater, verificou a possibilidade de transformar o prédio onde alojava os suínos em uma estufa para produzir hortaliças.

Como já tinha certa experiência com a plantação de repolho, brócolis, couve-flor, alface, beterraba, cebolinha, pepino e outros, resolveu ampliar a produção. Aplicou R$ 10 mil na remodelação da estrutura. O telhado foi substituído por uma lona transparente e as divisórias foram retiradas para construir canteiros. Os reservatórios onde eram alojados os dejetos agora serão utilizados para armazenar água da chuva para irrigar as plantas.

Nesta semana, as primeiras 880 mudas de pepinos foram cultivadas. “Durante o ciclo da planta, que dura 90 dias, a intenção é colher entre dois e 2,5 quilos.” Projeta um retorno inicial de R$ 6 mil. Com o lucro da segunda safra, Sehn quer quitar o valor investido. “Muito mais vantajoso que os suínos”, avalia.

Até o fim de 2017, pretende fazer quatro colheitas de pepinos. Outra cultura a ser iniciada é a de morangos, em dois anos. A meta é construir outra estufa para proteger as plantas das intempéries meteorológicas.

Garantia de mercado

Conforme o técnico em Agropecuária, Mauricio Antoniolli, nos últimos quatro anos, a produção de hortifruti registra crescimento. São em torno de 20 famílias que se dedicam a olerícolas como alface, pepino, couve, repolho, entre outros. Com poucos concorrentes, a lucratividade é boa, destaca.

Entre os motivos para a expansão do setor, Antoniolli aponta a busca por alimentos mais saudáveis, cultivados em sistemas que possibilitam o menor uso de agrotóxicos e fertilizantes, demanda garantida, oferta de mão de obra, principalmente jovens, e necessidade de pouca área de terras, comparada com a produção de grãos como soja e milho. “A renda por hectare alcança R$ 8 mil, dependendo da cultura.”

Segundo o técnico, a produção de hortaliças substitui culturas tradicionais como tabaco e aipim. Além da venda para a Ceasa, a Emater incentiva a criação de agroindústrias para beneficiar a matéria-prima. “Elimina os intermediários e aumenta a remuneração.”

Outro nicho a ser explorado é o da merenda escolar. Hoje apenas 30% dos alimentos consumidos em escolas vêm da agricultura familiar. A meta é elevar.

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