A maioria dos prefeitos do Vale tem mais de 40 anos. Dos 38 eleitos no domingo, pelo menos 15 têm entre 41 e 50. Isso representa 39,47% do total. Em 36,84% das cidades, os próximos prefeitos têm mais de 51 anos. Pouco mais de 10%, quatro gestores, têm mais de 30.
Apenas dois – 5,26% – têm entre 20 e 30. Entre eles, Dois Lajeados elegeu o prefeito mais jovem, Tiago Grando (PMDB). Ele tem 28 anos e completa 29 nesta sexta-feira, 7. O segundo mais jovem é Jonatan Brounstrup (PSDB). Ele foi escolhido para administrar Teutônia pelos próximos quatro anos e será o gestor mais jovem da história do município. O tucano tem 29 anos e completa 30 em novembro.
Os dados foram extraídos das informações disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apenas dois eleitos têm mais de 70 anos. O prefeito com idade mais avançada é de Encantado. Adroaldo Conzatti (PSDB) retorna ao Executivo com 76 anos.
Ele administrou a cidade por dez anos, nas décadas de 80 e 90, concluirá a nova gestão com 80 anos. Além dele, Elir Sartori (PMDB), reconduzido à gestão de Sério, tem 73 anos. É o segundo prefeito com idade mais avançada da região.
“A idade está na cabeça das pessoas”
Adroaldo Conzatti (PSDB) retorna à administração de Encantado com 76 anos. O tucano dedicou toda a vida ao engajamento político e considera que ainda pode contribuir para acelerar o desenvolvimento da cidade. Em 1972, concorreu pela primeira vez ao cargo de vereador. Na época, tinha 32 anos.
Com 76 anos o que lhe fez disputar novamente a eleição?
A vontade de contribuir e pelo conhecimento e experiência acumulados que irão auxiliar nossa comunidade. Vejo que ainda é possível desenvolver um bom trabalho. Durante o tempo que estive fora aprendi muito. Participei de duas gestões no governo do Estado. Concorri duas vezes a deputado federal. Viajei várias vezes para o exterior. Essa bagagem pode auxiliar para fazer uma boa administração.
Como a família encara voltar a administrar uma cidade do porte de Encantado?
A família no início era contrária. Eles argumentavam que não era necessário concorrer. Mas avaliei que ainda era possível contribuir com o município. Depois da minha decisão, a família se engajou na campanha e esteve junto durante todo o processo. Acredito que a idade está na cabeça das pessoas. É necessário ter espirito jovem, vontade de fazer e disposição. Além disso, é necessário ter espirito público. Não adianta ser candidato para resolver problemas particulares ou do grupo de apoio. É necessário resolver os problemas da comunidade.
Considera que sua trajetória política colaborou para garantir a vitória?
Certamente. O trabalho construído com a sociedade ao longo do tempo assegurou esse resultado. Além disso, nos aproximamos e ouvimos a população. Para isso, fizemos 32 reuniões nas comunidades. O plano de governo se moldou a partir desses encontros, com base nas demandas da população.
Muito se fala em renovação política. Como avalia esse debate?
A renovação está no espirito, no pensamento e na mente das pessoas. Não está na idade dos gestores. Tem muitas pessoas com 35 a 40 anos que são velhas e, normalmente, adotam desculpas para não enfrentar novos desafios. Essas pessoas não representam renovação. Penso diferente e acredito que tudo é possível, até uma eleição com 76 anos.
“Sempre fui um apaixonado por política”
Jonatan Bronstrup é o prefeito mais jovem da história de Teutônia, com 29 anos. Desde criança, acompanha a trajetória do pai, Ricardo Bronstrup, que já foi gestor do município. Disputou a eleição pela primeira vez em 2009. Na época, tinha 19 anos. Em 2012, concorreu a prefeito e foi derrotado.
Acredita que a trajetória política da família contribuiu para o resultado?
Com certeza. Não podemos apagar a história. Muitas coisas boas foram feitas pelo meu pai quando foi prefeito, e isso contribuiu para o resultado nesse domingo. As pessoas depositaram confiança em mim e acreditam que irei desempenhar um trabalho igual ou melhor a partir do próximo ano.
Em 2012 concorreu a prefeito e não foi vitorioso. O que garantiu esse resultado neste ano?
Nossa campanha foi propositiva e não atacamos nossos adversários de forma pessoal ou profissional. A campanha foi organizada desde 2012. Esse trabalho não começou há 45 dias. Faz quatro anos que iniciou, a partir do momento que avaliamos o processo e procuramos evitar cometer os mesmos erros. Utilizamos muito bem as redes sociais e desenvolvemos um trabalho estratégico de marketing. Tivemos uma crescente em toda campanha.
O que lhe motivou a concorrer?
A vontade de contribuir para o desenvolvimento do município. Desde pequeno, acompanho a trajetória do meu pai. Isso me faz acreditar que a atribuição da política é melhorar a qualidade de vida das pessoas, em todas as áreas. Considero que devemos ser protagonistas para promover mudanças positivas. Por isso, fiz questão de entrar na política.
A política está desacreditada. Considera que, como um dos prefeitos mais jovens da região, pode colaborar para mudar esse contexto? De que forma?
A idade não influencia. Esse cenário será alterado a partir de exemplos. Precisamos nos tornar referência para as pessoas. Devemos mostrar que a política pode ser diferente. Ela serve para construir e não para destruir. Precisamos fazer o melhor trabalho e deixar o exemplo para que novas pessoas passem a ter interesse em participar da vida pública.
“Mostrarei que posso ser prefeito”
Wilkyns Gross (PTB) é o vereador mais jovem da região, com apenas 19 anos. Ele também foi o mais votado de Marques de Souza. É estudante de Direito e sonha em ser prefeito da cidade. O interesse pela política é hereditário. O pai, Darci, foi vereador por dois mandatos. A mãe, Elaine, foi vereadora por quatro anos.
Considera que o histórico político, que faz parte da trajetória da sua família, contribuiu para ter feito uma votação tão expressiva?
Isso ajudou muito. A atuação profissional do meu pai também. Hoje trabalho com ele. Todos esses fatores contribuíram para ser conhecido. Meu pai foi vereador por dois mandatos e minha mãe por um. Acompanho essa trajetória desde criança. O que ajudou no resultado foi um trabalho de valorização do voto.
A política está desacreditada pela população. O número de jovens interessados em integrar os Legislativos e Executivos é baixo. O que lhe motivou a se candidatar?
Marques de Souza não oferece opções para a juventude. Isso me motivou. Precisamos fomentar a criação de emprego e lazer. Vou trabalhar para construir um futuro melhor. Se não ocorrer uma atuação nesse sentido, no futuro teremos uma cidade formada apenas por idosos.
Muito se fala em renovação da política. De que forma pretende fazer a renovação no Legislativo de Marques de Souza?
Primeiro irei promover um trabalho coletivo com todos os vereadores. Quero esquecer a questão partidária e indicar ações positivas para o desenvolvimento do município. Fomos eleitos pelo povo e devemos trabalhar com ele e para ele.
A falta de experiência política é questionada em algumas situações. Isso será um problema? As pessoas apostaram em mim analisando o futuro. Muitos falam: esse é o nosso futuro prefeito. Quero fazer um trabalho diferente para Marques, de renovação, com honestidade e envolvendo os jovens. Nestes quatro anos, mostrarei que posso ser o futuro prefeito. Primeiro quero construir uma trajetória política e estar preparado. No decorrer deste período, o povo vai dizer se devo ser uma das opções.
Qual será sua relação com as demandas da juventude?
Criarei um grupo de jovens para debater quais são as demandas para esse público. É importante abrir o leque de opções para o esporte. Hoje se propõe apenas futebol, mas podemos ter modalidades. Quero trabalhar desde opções de lazer voltados para crianças até para jovens da minha idade.
“Até a saúde permitir”
Nelson Scheffler (PP) tem 79 anos. Foi eleito no domingo pela sétima vez para compor a Câmara de Vereadores de Imigrante. “Se Deus permitir, completarei 28 anos nessa trajetória.” Ele completa, no fim do ano, 24 anos de vida política e afirma que enquanto a saúde permitir se colocará à disposição como candidato.
O senhor é o candidato mais idosos eleito. O que lhe motivou a concorrer novamente?
A motivação vem do desejo de trabalhar em favor da comunidade. Sempre tive um bom trânsito com todas as sociedades do município e contribuo no trabalho delas. Elas pedem para me colocar como candidato. Desde o primeiro mandato, fui um dos únicos membros da câmara que representa o setor agrícola.
Como a família avalia a escolha de retornar ao Legislativo?
A família me apoia. Sem apoio da família não se consegue nada. Ainda não sugeriram que eu parasse e deixasse de lado essa escolha. Eu gosto de política. Mas defendo um trabalho sério. Se a minha saúde continuar como está hoje, vou participar de novo.
Nunca se falou tanto em renovação política. Como avalia esse tema?
A renovação política é interessante. Foram eleitos candidatos pela primeira vez, em Imigrante, nesse domingo, para compor o Legislativo. Essa renovação e a experiência dos veteranos são importantes para o município. A integração de novas pessoas, em especial de jovens, na participação política é fundamental.
Acredita que a experiência legislativa pode contribuir para aprimorar a qualidade e a eficiência dos serviços oferecidos?
Minha experiência é importante. São mais de 20 anos de amadurecimento e de conhecimento das necessidades locais. Sempre surgem novidades para serem aplicadas. Estaremos atentos para indicar e sugerir ações para melhorar a vida das pessoas, em especial na agricultura.
A política está desacreditada. O que considera necessário mudar?
Às vezes passamos vergonha por ser agente público. A sociedade julga que todos os políticos são iguais. Isso ocorre porque os exemplos que deveriam vir lá de cima (Brasília) não vêm. Compete a nós dar bons exemplos. Precisamos fazer uma política séria e estabelecer um debate profundo e com seriedade. Em Brasília, os representantes fazem leis para benefício deles. As licitações feitas lá, por exemplo, sempre têm um furo para se defender. Isso nos deixa triste e faz com que sejamos desacreditados.