Depois de quatro anos, o Partido Progressista retorna à prefeitura de Lajeado. Marcelo Caumo e Gláucia Schumacher tiveram 19.969 votos (43,6%). Em segundo, ficou a delegada Márcia Scherer e Renato Worn, com 13.094 (28,5%). O atual prefeito e vice, Luís Fernando Schmidt e Vilson Jacques, somaram 12.737 (27,8%).
Minutos antes do início da apuração dos votos, o candidato progressista estava em uma sala separada no diretório. Apenas pessoas próximas e líderes dos partidos tinham acesso ao local. Um misto de emoção e ansiedade precedeu a abertura dos primeiros resultados. O grito de vitória chegou quando o percentual de apuração alcançou 80% das urnas. Naquele momento, os cabos eleitorais e os candidatos a vereador da aliança já comemoravam.
As primeiras palavras do prefeito eleito foi de elogio à equipe de campanha. “Tivemos muitos voluntários que aderiram à causa, sem nenhuma retribuição financeira. Isso foi muito legal.” Na avaliação de Caumo, nos 45 dias de campanha, a receptividade dos eleitores foi um dos pontos positivos. “Sobre a nossa caminhada, não recordo de nenhum bairro onde tivemos dificuldade de entrar. Sempre fomos bem recebidos. Nas visitas, procuramos apresentar propostas, sem falar mal de um ou outro candidato.”
Durante as visitas, diz, verificou muitos eleitores descrentes com os agentes políticos. “Alguns falavam ‘estou de saco cheio de política’. Nós fazíamos questão de conversar e dizer que não podemos desistir da democracia.”
Esta foi a segunda vez que Marcelo Caumo foi candidato. O advogado havia disputado o Executivo de Lajeado em 2012, perdeu para Luís Fernando Schmidt. Naquele ano, o PP vinha de 16 anos ininterruptos à frente da prefeitura.
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Outras eleições
A disputa mais acirrada foi em 2008. Carmen Regina venceu Luís Fernando Schmidt por 373 votos, menos de 1% dos votos (veja no boxe).
A eleição mais tranquila foi em 2012. O atual prefeito de Lajeado alcançou 64,8% da preferência dos eleitores. Somou 27.566 votos. O segundo lugar, Marcelo Caumo, conseguiu 13.015 votos.
Neste ano, a vitória do PP teve um índice de 43,6%.
“Cada vez mais as pessoas querem falar e precisam ser ouvidas”
Na segunda vez em que se colocou como candidato, o advogado Marcelo Caumo, 38, venceu e será o chefe do Executivo a partir do dia 1º de janeiro de 2017. O mais jovem prefeito da história de Lajeado atribui à equipe o resultado das urnas. Para a gestão, reforça a necessidade do planejamento, da redução dos gastos públicos e do diálogo com a comunidade.
A Hora – Com a oficialização do resultado, por onde passou esta vitória?
Marcelo Caumo – Ao grupo, ao projeto e ao trabalho. Para o grupo não impomos nada. Sempre foi democrático, sempre ouvimos todos e inclusive ouvimos a comunidade para definir o candidato. Isso fortaleceu o nosso time.
Ao projeto em si, deixamos claro a proposta de resgatar a boa política. Nossas propostas foram construídas de forma coletiva. As pessoas aderiram voluntariamente.
Sobre o trabalho, penso que minha experiência dentro do direito público ajudou muito. A escolha da candidata a vice também foi muito importante, pois as pesquisas indicavam a necessidade de ter uma mulher na chapa e a Glaucia foi uma escolha acertada. Muito da eleição se deve a ela, que é uma pessoa fantástica.
O PP tem história em Lajeado. De que maneira os nomes mais conhecidos da sigla contribuíram com a vitória?
Caumo – Foi justamente pelo fato de nada ser imposto. Foi à comunidade. Dos nomes sugeridos para disputar a majoritária, as pessoas mostraram uma predisposição pelo meu nome. Foi tudo feito às claras, também os outros partidos da aliança foram ouvidos. Nós sempre defendemos Lajeado.
Foi um processo claro e sincero com todos. Acredito que esse foi o resultado do trabalho.
O PP retorna apenas quatro anos depois. Em 2012, quando você perdeu para Luís Fernando Schmidt, ele teve uma ampla vantagem, passando dos 60% dos votos. Naquele momento, era uma proposta de mudança para a cidade, tendo em vista que o governo havia sido progressista por 16 anos ininterruptos. A que você atribui um retorno tão rápido do PP ao poder?
Caumo – Penso que o PT, a maneira dele fazer política, sofreu muito depois da eleição presidencial. Nós defendemos a ideologia de que não é a qualquer preço que se ganha uma eleição. É com propostas, com projetos e se a população optar por outro, tem de se respeitar isso.
Eu me recordo da primeira frase na outra candidatura. Eu disse: Eu torço para o Luís Fernando fazer um grande governo. Nós vivemos em Lajeado, a gente quer o bem da cidade. É assim, falando de coração. O Partido Progressista, melhor, nem falando em partido, mas no grupo, isso é o mais importante do que qualquer partido. No nosso quadro, tem a experiência de Cláudio Schumacher, de Carmen Regina. Na derrota de 2012, o grupo teve a possibilidade de ver onde errou. Também mostrou à comunidade o compromisso de renovação ao colocar o meu nome à majoritária de novo. Acho que isso ficou claro à população.
Ser o prefeito mais jovem eleito em Lajeado. Isso faz parte desta emoção e lhe marca de que forma?
Caumo – A emoção é uma maneira de mostrar a gratidão para todos que acreditaram nas nossas propostas. E projetando um grande governo para nossa cidade. Com honestidade, transparência, comprometimento. A política tem que mudar. Queremos ter um diálogo constante com as pessoas. Em todas as caminhadas que fizemos, uma das queixas da população foi a falta de diálogo. Os sindicatos dos servidores também reclamavam sobre isso. Nós temos de incentivar a participação da comunidade, temos de conversar. Cada vez mais as pessoas querem falar e precisam ser ouvidas.
A Hora – Sobre a administração. A partir do dia 1º de janeiro, qual será o teu primeiro ato?
Caumo – Planejamento. Vamos começar agora a planejar o município em curto, médio e longo prazo. Assim vamos tornar nosso projeto eficaz. Ele envolve ações, conversas com servidores, os conselhos municipais, para ter o retorno do que a população está pensando. Com planejamento teremos um grande governo.
“O PT precisa se reciclar”
A derrota do atual prefeito tem três aspectos, na avaliação do presidente do PT na cidade, Ricardo Ewald. Para ele, o impeachment de Dilma Rousseff, o antipetismo e o rótulo midiático de atribuir À sigla os casos de corrupção no país atrapalharam o candidato governista.
Outro motivo é a força do Partido Progressista em Lajeado. “É uma organização enraizada na cidade. Ganhar do PP é uma tarefa difícil.” Por fim, a ruptura da coligação vencedora em 2012 deteriorou as chances de reeleger Luís Fernando Schmidt. “A desunião aliada ao momento político do país interferiram na eleição municipal.” A saída do PMDB do governo ocorreu em dezembro do ano passado.
Segundo ele, esse é um momento para o Partido dos Trabalhadores se reestruturar. “Precisamos nos renovar. Buscar novas lideranças. O PT precisa se reciclar.”
Márcia agradece aos eleitores
A candidata Márcia Scherer se manifestou por meio das redes sociais ontem. “Agradeço a todos. A confiança das pessoas que acreditaram no projeto. Foram muitas coisas boas, em especial os encontros, as visitas. Pudemos ouvir as reivindicações das pessoas. Queríamos realizar, mas infelizmente vamos postergar nossos sonhos, quem sabe em um futuro próximo.”