Em meio ao descrédito, Brasil vai às urnas

Vale do Taquari

Em meio ao descrédito, Brasil vai às urnas

O domingo inaugura uma nova etapa na democracia brasileira. Fruto da minirreforma eleitoral, a campanha que decidirá os Executivos e Legislativos municipais ficou restrita. Com orçamento reduzido devido ao fim do financiamento privado, candidatos tiveram 45 dias para tentar conquistar um eleitorado cada vez mais descrente com a política. Ao mesmo tempo, ânimos acirrados preocupam e exigem medidas das autoridades. Diante desse cenário, cabe ao eleitor decidir o melhor destino para a sua cidade, com a seriedade necessária perante o momento de turbulências econômicas e sociais.

Em meio ao descrédito, Brasil vai às urnas
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Mais de 282 mil votantes são aguardados nas urnas dos 38 municípios da região. Eles escolherão seus representantes para os próximos quatro anos entre mais de 1,5 mil candidatos ao cargo de vereador e 84 dobradinhas de prefeitos e vices.

A soma das escolhas de cada eleitor decidirá o futuro das cidades, bairros, ruas e comunidades em meio a uma das maiores crises políticas, financeiras e institucionais da história do país. Presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziukolski afirma que as consequências deste momento formam os principais desafios dos próximos gestores.

Para ele, o acirramento do pleito é natural diante de um debate local onde a maioria dos agentes se conhecem. “Se torna algo pessoalizado”, aponta. Passada as eleições, alerta para a tendência de quatro anos difíceis para os vencedores.

“Não vejo nenhuma perspectiva de melhora para as gestões municipais”, alega. Segundo Ziukolski, as medidas tomadas em Brasília para combater a crise terão grave impacto nas contas das prefeituras. Por consequência, prevê reduções nos serviços prestados aos cidadãos.

Na opinião do presidente da CNM, a principal ameaça aos cofres municipais é a PEC 241, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos. Pela proposta, os governos dos próximos exercícios poderão gastar o total orçamentário do ano anterior acrescido da inflação.

“Em 2017, representará um aumento máximo de 5% a 6% nos gastos”, afirma. Conforme Ziukolski, o resultado será o engessamento da administração devido ao aumento das obrigações municipais em serviços de saúde, educação e assistência social.

“Como 70% de tudo que se arrecada vai para a União e ela manda muito pouco para o município, se tornará inviável”, alega. Para o presidente, o contexto obrigará os prefeitos a cancelarem a participação em programas federais. Caso contrário, alerta para o risco de as contas fecharem no vermelho, resultando na ilegibilidade do gestor.

 

Descrédito reduz candidaturas

Se a relação com a União se tornou um empecilho para o desenvolvimento dos municípios brasileiros, a grave crise no governo estadual completa o cenário de dificuldade para próximos prefeitos gaúchos. A avaliação é do presidente da Famurs, Luciano Pinto.

Para ele, esse contexto motivou a desistência de 37% dos gestores aptos à reeleição no RS. “Outro sinal são os 37 municípios com candidatura única, que são 1/3 do total no país”, relata. Além das dificuldades financeiras à frente da gestão, aponta o desgaste da classe política devido aos casos de corrupção e à Operação Lava-Jato.

“Se criou uma cultura de que todo político é ladrão”, avalia. Conforme o presidente da Famurs, essa forma de enxergar a gestão pública inviabiliza a renovação dos agentes políticos, afasta bons administradores e abre espaço para oportunistas dispostos a se aproveitar das lacunas do sistema para benefício próprio.

De acordo com Pinto, o acirramento dos ânimos em períodos pré-eleitorais serve para aumentar a descrença e o desgaste com o processo. Segundo ele, o curto período de campanha e a crise aumentam ainda mais a tensão entre os concorrentes.

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