A1ª Guerra Mundial tinha começado há 15 meses. O período era de turbulência política e social no país e no mundo.
Na época distrito de Lajeado, os moradores de Santa Clara do Sul tinham um perfil de trabalho unido. A fé e a iniciativa popular fizeram um grupo de 115 moradores iniciar a construção de um dos prédios mais imponentes da cidade, a Igreja Matriz.
No dia 28 de abril de 1913, segunda-feira, o grupo de voluntários demoliu a capela de madeira inaugurada em 3 de dezembro de 1899. De pedra em pedra, o projeto coordenado por dois construtores alemães tornou-se um dos pontos de referência do município.
Conforme o historiador José Alfredo Schierholt, o espaço da capela/escola era pequeno para abrigar todos os fiéis. O lançamento da pedra fundamental ocorreu no dia 1º de novembro de 1913, durante a Festa de Todos os Santos. Durante a edificação do prédio, missas, batizados, velórios e casamentos eram realizados em um pavilhão provisório, localizado nos fundos da casa Comercial Schabbach.
Para auxiliar na arrecadação de dinheiro, cuja obra inicialmente estava orçada em 40 contos de réis, foram promovidas festas, bailes, quermesses e coletas durante os 30 meses de trabalho. A inauguração do templo ocorreu em um domingo de manhã, 1º de outubro de 1916. Foram aplicados 137 contos de réis. “Na época era uma das igrejas mais espaçosas e modernas do estado.” O templo representou um verdadeiro porto-seguro contra os males que assolavam o país naquele momento.
A Paróquia São Francisco Xavier foi instituída em 1929. Recebeu o primeiro pároco, Pedro Henrique Vier, em 6 de abril de 1930. O centenário da igreja será lembrado amanhã, com missa às 18h.
“A obra é um exemplo de fé e união”
Para o agricultor Lauro Anchau, 90, a edificação de um prédio mais amplo e confortável para acolher os fiéis havia se tornado uma necessidade premente. Tanto a primeira capela-escola construída entre 1880 e 1881 quanto a segunda capela inaugurada em 1899 estavam pequenas para receber o público. “Em algumas datas, mais da metade das pessoas prestigiava as celebrações do lado de fora.”
Recorda que em 1909, no dia de Natal, João Simonis, João Franz, José Franz e Guilherme Schneider doaram mais de 65 contos de réis para auxiliar na construção da igreja. O avô de Anchau, Rainoldo Goergen, transportou de carroça mais de seis mil pedras grés utilizadas para construir a base da estrutura. “Fez em torno de 250 viagens. Saía com a junta de bois da rótula de entrada da cidade, hoje propriedade dos Fischer onde tinha a pedreira.”
Um dos fatos marcantes ocorreu no dia de inauguração, quando um gaiteiro tocou do alto da torre de 43 metros de altura. Sócio por mais de 70 anos, Anchau reforça a necessidade de as pessoas retomarem a vida em comunidade. “A tecnologia isola as pessoas, faz elas viverem em ilhas. O espírito comunitário, a fé e a solidariedade são valores em extinção. Hoje não construiríamos um templo se dependêssemos de doações ou ajuda de voluntários.”
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Ponto de encontro da comunidade
O padre Zeno Graeff cita a importância da igreja. “Mantém a comunidade unida e aproxima ela de Deus.” Lembra que a vida da sociedade girava em torno da igreja. Apesar das mudanças, o templo ainda é referência e essencial para as pessoas se encontrarem, louvar, refletir, rezar e se aproximar de Jesus Cristo.
Por meio de doações, pagamento de dízimo e festas, foram arrecadados recursos para fazer o restauro completo (pintura externa e interna, troca do telhado, das calhas, instalação de um novo sistema de som, pintura das imagens de Santa Clara e São Francisco Xavier, reforma das escadarias, ajardinamento e restauro dos dois altares). Foram aplicados R$ 307 mil.
Entre as obras, Graeff ressalta a construção de uma gruta do lado externo do prédio para abrigar a imagem de Santa Clara. A inauguração do espaço ocorre no dia 12 de outubro, durante a missa solene, a partir das 10h.
Na data, ocorre o lançamento da 26ª Franziskusfest, agendada para 11 de dezembro. A paróquia é composta por 13 comunidades e 1,9 mil fiéis.
Obra iniciada em 28 abril de 1913;
Inauguração foi em 1º de outubro de 1916;
115 moradores trabalharam de forma voluntária;
2 construtores da Alemanha ajudaram na obra;
Investimento chegou a 137 mil réis
Atual prédio é o terceiro erguido pelos moradores.
A 1ª capela-escola foi edificada entre 1880 e 1881