Para amenizar a falta de mão de obra, enfrentada por 46% dos produtores formais, e ausência de sucessores, verificada em 42% das propriedades, a Cooperativa Dália Alimentos de Encantado apostou em um projeto inovador e pioneiro na América Latina – a construção de condomínios associativos com ordenha robotizada.
Hoje, a partir das 14h, será inaugurada a terceira estrutura – União do Vale – na localidade de Passo do Corvo, Arroio do Meio. Erguida em uma área de 4,7 hectares, reúne 13 famílias de Forquetinha, Travesseiro, Progresso e Arroio do Meio.
Além dos pavilhões, cada condomínio tem estrutura de silos, casas para funcionários, escritório e galpão para máquinas. No local, os produtores armazenam milho e silagem produzidos em suas propriedades ou comprados de fornecedores. O valor investido chega a R$ 5 milhões em cada projeto.
O presidente do Conselho de Administração, Gilberto Antônio Piccinini, reforça que, além da qualidade de vida, o modelo associativo oportuniza mais qualidade no leite produzido, eficiência, sanidade animal e produtividade.
Pelo projeto, a cooperativa é responsável pela infraestrutura, tecnologia e administração técnica. Os produtores alojam as vacas, são remunerados de acordo com a quantidade de leite produzida e fornecem a alimentação (silagem).
O último condomínio a entrar em funcionamento será o de Candelária, em Linha Boa Vista, cujas obras também estão em fase de execução.
União permite continuidade
Eloir Lohmann preside o condomínio arroio-meense. Durante dez anos, trabalhou ao lado dos pais e da mulher. Sem sucessores, plantel reduzido e com as instalações ultrapassadas, a família desistiria em breve.
Com o relógio programado para despertar todos os dias da semana às 5h, Lohmann conta ter iniciado uma vida nova após alojar os animais na estrutura. “Durante uma década, não tivemos férias ou folgas. Agora é possível.”
Lohmann mantém 1,2 mil suínos em criação na propriedade. Com todo sistema automatizado, apenas supervisiona se todos os equipamentos funcionam. A tecnologia reduz a necessidade de mão de obra e possibilita uma única pessoa cuidar do plantel, comenta.
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Mais qualidade de vida
Admir Lorenzon preside o Condomínio Dei Produttori Di Latte Bréscia, inaugurado em dezembro de 2015 em Linha Tigrinho Baixo, Nova Bréscia. Segundo ele, dos 15 produtores associados, apenas três tinham sucessores. A saída para se manter na atividade veio com o projeto associativo. “Sozinhos, a maioria abandonaria a produção no futuro.”
Com 245 animais alojados, entre vacas e novilhas, a produção diária alcança 4,7 mil litros, média de 32 litros por vaca. Lorenzon mantém um plantel de 20 animais. Pela iniciativa, voltou a investir no setor.
Na propriedade, tem 500 suínos na fase de terminação. “Hoje voltamos a enxergar os números vermelhos do calendário. Temos o descanso merecido, podemos diversificar e aumentar nossa renda. Nosso único compromisso é fornecer alimentação.”