A paralisação dos bancários chegou ao 18ª dia nessa sexta-feira sem previsão de término. Clientes relatam transtornos para encaminhar serviços, como depósitos e o saque do FGTS. Uma delas é a técnica em Enfermagem Vera Lau. Moradora de Rio Pardo, veio para Lajeado passar o mês com familiares.
Com o término do contrato na casa de saúde onde trabalhava, tentou encaminhar o FG, sem sucesso. “Vou ter de ir para Venâncio Aires para ver se consigo sacar o dinheiro.”
Com os cerca de R$ 4 mil no fundo, pretende quitar o débito com o cartão de crédito. “Infelizmente, vou ter de gastar com passagens, perder tempo indo para outra cidade, enquanto o juro do cartão só aumenta.”
Lidar com os caixas eletrônicos é uma dificuldade para os idosos. Cleci de Borba, 76, foi até uma agência no centro de Lajeado para fazer um depósito. Sem auxiliares para orientar como se procede em frente da máquina, buscou ajuda de outros clientes. Um homem se aproximou e informou a idosa da possibilidade de fazer o serviço em uma agência lotérica.
O autônomo Valcir Ewerling, 50, teve dificuldade em receber por um serviço contratado. “O cliente não estava conseguindo fazer o depósito, porque o valor superava o máximo por dia. Daí foi preciso dividir o pagamento em dois dias.”
Pelo cálculo do Sindicato dos Bancários da região (Sindibancários), das 34 agências nos 19 municípios de cobertura da entidade, 16 estão fechadas ou com serviços parciais. Conforme o presidente Edson Leidens, os grevistas entendem os prejuízos à população causados pelo movimento. “É uma situação complicada, pois nós também fazemos parte da sociedade. Temos irmãos, pais, tios e amigos que estão tendo dificuldade devido à restrição dos atendimentos. Mas é injusto ver as empresas que mais faturam no país fazerem uma proposta de reajustar os salários em 7%.”
Na avaliação do sindicalista, o movimento deste ano conta com mais adesão do que em períodos anteriores. O motivo seria a proposta abaixo da inflação e a redução no quadro funcional. Segundo ele, de 2012 a 2015, mais de 34 mil bancários deixaram a atividade. Isso significa 8% do total de trabalhadores em instituições financeiras do país.
Reivindicações
Os bancários pedem a reposição da inflação (estimada em 9,5%), mais 5% de ganho real. Também o reajuste para um salário mínimo dos benefícios de auxílios refeição e creche. Reivindicam também o piso de R$ 3,9 mil à categoria.
A primeira rodada de negociação com a Fenaban, federação representante dos bancos, ocorreu em 29 de agosto.
Na ocasião, foi apresentada a proposta de reajuste de 7%. Depois, houve outro encontro no dia 15 de setembro, mas sem avanço nas proposições.