Nos cinco maiores municípios da região, apenas três postulantes não têm entre os principais financiadores os partidos ou o próprio candidato. Dos 13 concorrente, oito contribuíram com mais de 60% dos recursos de campanha.
A maioria das arrecadações está longe dos limites de gastos determinados pela Justiça Eleitoral, de R$ 493,6 mil em Lajeado e R$ 108 mil nos demais municípios. Sem dinheiro em caixa, os gastos também são tímidos. O total de despesas dos concorrentes em Lajeado soma R$ 188, 97 mil, valor bem distante do máximo permitido por lei.
O valor acumulado dos candidatos de Teutônia é o maior, totalizando uma receita de R$ 112,3 mil. Esse montante é garantido graças a duas campanhas que juntas somam R$ 102 mil. Em seguida, vêm os postulantes à prefeitura de Estrela, com R$ 100,1 mil arrecadados, e Arroio do Meio, onde os concorrentes colocaram nos cofres de campanha R$ 78 mil até agora.
Propaganda reduzida
Limitações financeiras, aliadas às restrições determinadas pela minirreforma eleitoral, deixam as campanhas de rua mais tímidas. A oito dias da votação, poucos cabos eleitorais circulam pelas ruas e a propaganda visual é praticamente inexistente, exceto com algumas bandeiras esparsas.
Diferentemente dos pleitos anteriores, neste ano, os concorrentes não podem utilizar cavaletes nos canteiros das avenidas e os cartazes estão limitados. Com menos recursos visuais, a distribuição de propaganda direta aos eleitores tem sido uma das estratégias mais utilizadas pelos candidatos.
No centro de Lajeado, os representantes dos postulantes tentam conquistar votos com santinhos e conversas. Sem se identificar, eles garantem que a estratégia está chegando no limite. “A população já está um pouco cansada da gente distribuindo santinhos, mas vamos ficar aqui até a próxima semana”, afirma uma senhora que faz propaganda na rua Bento Gonçalves.
Experiente em outros pleitos, ela percebe algumas mudanças na corrida eleitoral deste ano. “Antes os candidatos não vinham para a rua, agora a gente vê eles conversando direto com os eleitores.”
Uma rua acima, na Júlio de Castilhos, outra mulher, que estreia como cabo eleitoral, relata a dificuldade em conversar com os pedestres. “A gente tenta falar com eles, mas a maioria não para, só pega o santinho e vai embora.” Apesar disso, ela ressalta a educação dos eleitores. “Eu fico cuidando se vão jogar o papel no chão, e hoje só um colocou fora assim que pegou.”
Mesmo com as das dificuldades, ambas acreditam na efetividade da propaganda. “Acredito que funciona para o eleitor escolher o candidato.”
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Eleitores aprovam mudanças
Para os eleitores, as novas regras são positivas. O fim dos cavaletes, redução no número de cartazes e nos horários para os carros de som são comemorados pela representante comercial Teresita de Bairros. “É muito bom porque diminui a poluição visual e também não tem tanto carro cada um com uma música e nem entendemos de qual candidato estão falando.”
Teresita é uma das eleitoras que aceita os santinhos distribuídos nas ruas. Apesar disso, garante que essa propaganda não tem efeito na sua escolha. “Eu pego mais por educação e para ter um número na mão mesmo. Porque os meus candidatos eu já escolhi bem antes, pesquisando a história de cada um.”
Apesar de ser favorável às mudanças, o encarregado de frota, Gilmar Ahlert, ainda se incomoda com a propaganda eleitoral. “Tem muito abuso, colocam os santinhos na mão das pessoas e acaba indo pro lixo ou pro chão, e ainda lotam as nossas caixas de correio.”
Para Ahlert, os gastos de campanha ainda são muito altos. “Poderiam gastar isso com outras coisas ao invés de propaganda. Não adianta ser candidato por dois meses, tem que ser durante quatro anos”, ressalta.
Minirreforma eleitoral
Aprovada em 2015, a mudança de regras para eleição deste ano determinou uma série de mudanças para o pleito municipal. Entre as principais, estão o fim do financiamento privado, redução no tempo de campanha e a cobrança de desempenho, a qual reduz o poder dos “puxadores” de votos nos Legislativos. Considerada como uma reforma “cosmética” por especialistas, as mudanças usam a eleição deste ano como um laboratório para 2018.