Durante uma hora e meia a plateia terá a chance de se descontrair com o espetáculo Alcemar e a Mascada Perdida. A comédia, que tem como protagonista o humorista Pedro Smaniotto, é apresentada neste sábado, às 21h, no Teatro Univates. Smaniotto atua no programa Pretinho Básico, da Rede Atlântida.
O enredo conta a história do pedreiro Alcemar, um homem puro, apaixonado pela vida e por aves raras, selvagens e exóticas. Solitário, ele não tem ideia da surpresa que o destino reserva: um poder que nenhum outro humano conseguiu alcançar.
De acordo com o produtor cultural, proprietário da Artistaria Produtora de Humor, Jaques Machado, o espetáculo conta a saga de todos que passam a vida em busca da “mascada”. “Alcemar tem alma pura e procura essa quantidade de grana. Então encontra amigos que vão ajudar e outros que vão atrapalhar.” Segundo Machado, o trabalho da equipe é regado a desafios diários. Para ele, fazer comédia hoje é complicado. Conta que o público gaúcho é exigente, pois segue a tendência de gostar de personagens bairristas.
O produtor atua na oferta de comédias como a do Cris Pereira, que esteve nesta semana em São Paulo. “Por aqui (SP), o sucesso é o standup, principalmente de nordestino, mas é preciso cuidado para não ser pejorativo.”
Destinada a um público com faixa etária acima dos 14 anos, a peça tem ingressos à venda com preços que variam de R$ 25 a R$ 100.
Bate-papo com o produtor
Proprietário da Artistaria Produtora de Humor, Jaques Machado atua no mercado da comédia porque acredita ser o melhor caminho para o sucesso de bilheteria. Mas algumas dificuldades são enfrentadas durante a caminhada. A comédia não é mais o que era antigamente.
Jornal A Hora – A comédia passa por um desafio. É preciso cuidado com alguns temas?
Jaques Machado – Um dos percalços é abordar assuntos que giram em torno de questões políticas e sociais. Hoje existem alguns paradigmas. Você não pode falar de A porque B vai ficar ofendido. Pode criar um inimigo. Sinceramente, a gente tem que evitar. É aquela história: vamos rir dos outros, mas quando for de mim, complica.
Evitamos termos pejorativos. Personagens como o Pedro, usam jargões como “os iluminati”, “mascada”, “camigol”, “louva-deus”. A construção do personagem conta muito. Só de olhar para ele, as pessoas já riem. É como aquela história da “pergunta cretina, resposta bagual”. Dependendo do lugar que tu vai e pede alguma coisa, por exemplo, vai na padaria e pergunta se tem pão e leva uma resposta tipo: “não, só chá de banco”.
Por que o povo precisa rir?
Machado – Você percebe que a plateia está carente de rir. A situação política do país tem um clima pesado. Aqui no sul, também no esporte, no futebol. A galera quer rir, se divertir e esquecer um pouco dos problemas.
Para isso, a criatividade tem que ser diária. Criar coisas novas, porque as pessoas enjoam. Tu lança uma coisa na rede social, todo mundo gosta, mas em pouco tempo enjoa. É preciso ser dinâmico e inovador.
Com se deu esta transição de linguagens do rádio aos palcos?
Machado – O espetáculo é sucesso porque se tem o acesso às mídias. Então, o pessoal já tinha algum contato visual com os próprios personagens. O Pedro, com a dentadura, quando solta uns jargões, todos riem. Eles querem ouvir os jargões que já conhecem.
Como está o mercado de humor?
Machado – É mais fácil tirar uma pessoa de casa para rir do que para chorar. O mercado é muito competitivo. No RS o público é muito exigente. O show do Cris Pereira tem uma demanda em São Paulo. Hoje o standup é o carro-chefe. No RS dá para contar nos dedos os grandes nomes da comédia. Esse último tem um público direcionado aos ouvintes da rádio, do programa. O cara que não escuta, não entende algumas coisas.