A Polícia Civil divulgou ontem os resultados da investigação sobre o assassinato do estudante Alyson Moraes Spegiorini, ocorrido na madrugada de sábado, 17. Nessa quarta-feira à noite, 21, o segurança que atirou e matou o jovem se entregou à polícia.
No dia do crime, Anderson Bueno, 26, se apresentou à DPPA de Lajeado e confessou a autoria, mas foi liberado. A prisão preventiva foi determinada após a constatação de que o segurança agiu de forma desproporcional, não configurando legítima defesa. Bueno foi encaminhado ao sistema prisional.
A investigação analisou imagens das câmeras de segurança da casa noturna Acordes e colheu depoimentos de dez testemunhas. A conclusão do delegado Silvio Huppes é de que não havia indícios de briga generalizada ou qualquer outra situação que configurasse legítima defesa por parte do segurança.
Segundo ele, foi possível verificar troca de ofensas e ameaças, mas não agressões físicas. A vítima não participou das discussões e foi atingida com um disparo de revólver calibre 38 ao se aproximar da confusão. O segurança alegou ter a intenção de atirar para o alto. A arma estava com documentação irregular e Bueno não tem porte.
Conforme Huppes, no dia do assassinato, a polícia ainda não dispunha de elementos suficientes para pedir a prisão preventiva de Bueno. O delegado afirma que a boate pode ser alvo de uma ação civil pública, mesmo que a decisão de estar armado e atirar tenha partido do próprio segurança.
Em nota, o estabelecimento manifestou solidariedade à família da vítima e declarou apoio ao trabalho de investigação da Polícia Civil. “Lutaremos por justiça, pois não há bem mais valioso do que a vida”, diz o texto.
A polícia tem prazo de dez dias para concluir o inquérito. De acordo com o delegado, a investigação deve ser entregue até o fim do dia de hoje.
Relembre o caso
Alyson Moraes Spegiorini, 18, foi atingido por um tiro durante uma discussão em frente à casa de festas Acordes, no centro de Encantado. Spegiorini estava fora da festa com a namorada quando começou uma discussão entre os seguranças e alguns clientes.
Testemunhas afirmaram que a vítima tentou se aproximar da confusão quando ocorreu o disparo. O crime aconteceu por volta das 4h30min da madrugada de sábado, 17. Os proprietários do estabelecimento estipularam o fim da festa para em torno das 5h30min e orientaram os seguranças a impedir a entrada de pessoas a partir das 4h.
Conforme o delegado, a confusão começou quando um cliente tentou retornar para a festa depois de sair para comprar bebida, por volta das 4h10min. Após o disparo, Anderson Bueno fugiu pela porta dos fundos da casa noturna.
Ele se apresentou na Delegacia de Pronto Atendimento de Lajeado no sábado, entregou a arma e confessou a autoria. Após prestar depoimento, o segurança foi liberado. A arma do crime estava registrada no nome de uma empresa de segurança com sede em Porto Alegre, desativada em 1996.
O revólver havia sido furtado em 1990 e recuperado em Alvorada, em 2002. Em depoimento, Bueno disse ter comprado a arma de um desconhecido, em Porto Alegre.
Depredações e protesto
Cerca de dez minutos após o crime, o pai da vítima chegou ao local. Inconformado, ele teria arrancado uma placa do chão e investido contra os vidros da casa de shows. Uma ambulância do Samu foi depredada por populares por não ter levado o jovem ao hospital.
Conforme a BM, Spegiorini já estava sem vida no momento da chegada dos socorristas e a cena foi preservada para a perícia. Policiais usaram balas de borracha para dispersar a população.
No sábado à tarde, amigos e familiares da vítima organizaram um protesto. Cerca de 60 pessoas participaram do ato exigindo justiça.