A administração municipal estuda formas de tornar mais eficiente um dos principais programas de pavimentação de ruas. O modelo de calçamento pelo sistema associativo apresenta algumas incongruências, e a assessoria jurídica prevê alterações. Desde julho de 2015, o governo repassou quase R$ 1 milhão para diversas associações de moradores de bairros, responsáveis pela contratação das empresas.
Entre os problemas analisados pela equipe jurídica, está a dificuldade de algumas associações apresentarem as prestações de contas. Segundo o procurador-geral do município, o prefeito interino, Juliano Heisler, as entidades precisam contar com aval de um engenheiro para garantir a Certidão de Negativa de Débito (CND) do INSS. Tal documento não vinha sendo exigido.
“A abertura de matrícula para CND do INSS exige este profissional. Estamos verificando junto à Receita a quem compete contratar esse profissional, visto se tratar de parceria entre município, associações e moradores”, explica Heisler.
Entre as possibilidades estudadas pelo Executivo, está a utilização do próprio engenheiro da prefeitura para avalizar as obras contratadas pelas associações. Heisler volta a salientar a intenção do governo em auxiliar as entidades, mas reitera a obrigatoriedade do documento. “A exigência da abertura de matrícula integra a responsabilidade solidária entre entes federados para arrecadação de tributos.”
Problemas em ruas
Em julho de 2015, o governo municipal anunciou a assinatura de diversos contratos para calçamentos associativos com blocos de concreto em 25 ruas dos bairros Floresta, Jardim do Cedro, Conventos, Montanha, Universitário e Carneiros. Pelo sistema, o município paga cerca de 1/3 do total dessas pavimentações.
Na época, dos R$ 2,5 milhões previstos para todas as obras anunciadas, aproximadamente R$ 815 mil foram repassados pelo Executivo. Segundo Heisler, em algumas dessas pavimentações, foi verificada a dificuldade para abrir a matrícula para CND do INSS e concluir a prestação de contas
“Dentro do processo natural de prestação de contas, essa situação foi verificada em algumas ruas. O setor responsável pela prestação de contas solicitou documentos e foi deferido prazo para apresentação. Estamos analisando de que forma auxiliar as associações neste processo”, reitera.
Lei de 2003
A lei do calçamento associativo foi criada em dezembro de 2003. Conforme o texto, entre as responsabilidades do Executivo está a elaboração do projeto e orçamento; a preparação da cancha; a fiscalização da obra; e o repasse de valor para a associação de moradores, considerados o material e mão de obra, mediante cálculo dos serviços executados.
Também prevê série de responsabilidades para as entidades. Elas devem formular o pedido de parceria, e assumir a compra dos materiais e a execução dos serviços, mediante participação e autorização de uma “comissão especialmente constituída” por um representante da Uambla, um da associação de moradores do bairro beneficiado, um engenheiro da Seplan, dois representantes da rua a ser pavimentada e um assessor jurídico do município.
Passados 12 anos da promulgação da lei, a câmara de vereadores aprovou o reajuste da tabela de preços dos metros quadrados de pavimentação. Com a alteração, sugerida pelo Executivo, o preço do paralelepípedo regular passou de R$ 11 para R$ 23,22; o bloqueto de concreto foi de R$ 11 para R$ 22,78; e o valor do asfalto foi de R$ 14 para R$ 30,65. Além dos reajustes, a nova lei cessou a realização de calçamento com pedra irregular, que custava R$ 12.
Falta de pagamento no Universitário
Uma das ruas previstas no lote anunciado em julho – a Raymundo Wiebbeling – já está pavimentada, mas o presidente da Associação de Moradores do Universitário ainda não repassou o montante de R$ 55,4 mil, valor referente ao auxílio do Executivo. O caso foi parar na Delegacia de Polícia, onde empresários reclamam de calote, e Rosa se queixa de ameaças.
O presidente alega problemas no acabamento da obra. Alguns moradores da via corroboram e reclamam de desníveis na pista e tubulações inacabadas. Outros elogiam o serviço finalizado há pouco mais de dois meses. “Eu gostei muito. Não tenho nada a reclamar. Antes estava terrível, e agora ganhamos em conforto”, salienta Aldino Schneider, 67 anos.
Sobre o fato, o procurador-geral do município salienta que há pendências na prestação de contas. “Há duas semanas, a associação protocolou documentos, que estão em análise.”
O convênio entre governo e associação foi assinado no dia 17 de junho, e previa repasse dos R$ 55,4 mil para pavimentação de um trecho compreendido entre as ruas Pedro Petry e C. Conforme o contrato, o calçamento foi realizado em uma área de 2,3 mil metros quadrados, com uma extensão de 298,60 metros e largura de oito metros.