Os três últimos meses foram de apreensão na empresa Couros Bom Retiro (CRB). A indústria mais antiga do bairro Canabarro sofre com a oscilação do dólar e a disparidade entre o preço da matéria-prima e o valor para venda em exportação. Como consequência, houve redução da jornada de trabalho e demissões. A direção avalia o mercado e não descarta a possibilidade de interromper a produção.
A empresa gera emprego e renda faz mais de 85 anos e é responsável pelo desenvolvimento de Canabarro. O primeiro dono foi Adolfo Leopoldo Eggers, mas foi Reynaldo Affonso Augustin quem iniciou as exportações de couro para os Estados Unidos, em 1942. Na época, a indústria ficou conhecida como uma das três maiores exportadoras de couro curtido do Brasil. Hoje os artefatos são enviados para México, China e países europeus.
O gerente corporativo, Nestor Magalhães, 59, trabalha faz 35 anos na empresa e lamenta pelo período delicado em que a indústria passa. Segundo ele, não há previsão de melhoria no quadro econômico, nem de recontratação. “Aqui temos a melhor mão de obra. Temos que aguardar a resposta do mercado. Não temos como trabalhar no prejuízo. O dólar baixou, mas o preço da matéria-prima continua o mesmo.”
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Associação mostra outro panorama
A Associação das Indústrias de Curtume do RS (Acicsul) apresentou relatório do Centro de Indústrias de Curtume do Brasil (CICB), demonstrando cenário favorável no mês de agosto. Segundo documento, houve aumento de 4% no volume de exportações de couros e peles no RS.
O índice totaliza US$ 33,5 milhões em relação ao mesmo período no ano passado. Em metros quadrados, houve aumento de 44,6%, em total de 3,6 milhões. A relação de exportações no mês passado foi mais estreita com Hong Kong, na China, representando 26%, Estados Unidos, 15,6%, e Itália, 11,3%.
Apesar dos dados positivos, a seca no Mato Grosso pode ser responsável pela preocupação dos administradores neste mês. Segundo a Acicsul, o abate de gado teve queda de 7,85% resultando em 387,52 mil animais.