Com o tema central “Eficiência nos sistemas de produção de leite”, a 10ª edição do Fórum Tecnológico do Leite e a 6ª Feira Agro-Comercial tem continuação hoje. O evento é organizado pelo Colégio Teutônia e parceiros.
A programação também marca as comemorações do Dia Estadual do Leite em Teutônia. A abertura oficial ocorreu ontem à noite, com a palestra “Qualidade do leite, cenário e ações governamentais”, com painelistas representando o Senar, a Emater, a Fetag, o Sindilat e o SDR.
A partir das 9h, o professor da UPF e pesquisador da Embrapa, Renato Serena Fontaneli, ministra a palestra “Forrageiras para integração lavoura pecuária.” Das 11h às 14h, ocorre o circuito de visitação à Feira Agro-Comercial e estações temáticas.
À tarde, ocorre o painel “Sistemas de produção – relato de experiências”, com a participação de três associados da Cooperativa Languiru para apresentar as vantagens e detalhes dos sistemas a base de pasto, free stall (galpão de confinamento de animais em sistema de baia/cama individual) e compost barn (galpão de confinamento de animais em sistema de cama coletiva).
Com a mediação do pesquisador e consultor Lucildo Ahlert, contribuem com depoimentos os produtores Diego Dickel, de Linha Gamela, e Fábio e Simone Broenstrup Secchi, de Linha Catarina, ambos de Teutônia; e Élio Post e Élia Schossler, de Nova Westfália, Fazenda Vilanova.
De acordo com o assistente técnico regional em Sistema de Produção Animal da Emater/RS-Ascar, médico-veterinário Martin Schmachtenberg, não há como identificar o melhor modelo, pois todos têm características distintas. “O produtor tem a oportunidade de analisar o sistema mais adequado à sua propriedade.”
Segundo o coordenador, Márcio Mügge, a proposta do fórum é fortalecer a cadeia leiteira por meio da difusão de novas tecnologias de produção, com palestras, painéis e debates. Destaca a necessidade de o produtor investir em novas tecnologias, buscar conhecimento, melhorar a gestão e priorizar a qualidade do produto. “Isso recupera a credibilidade, mantém e abre novos mercados.”

Família Secchi apresenta o compost barn. Modelo fez produtividade média de leite por animal saltar de 18 para 26 litros nos últimos 14 meses
Free stall, mais produtividade
Diego, 23, representa a terceira geração de produtores de leite da família Dickel. Desde 1972, quando o avó ingressou na atividade, muita coisa mudou. Formado em Agronegócio, Diego, aos poucos, assume a gerência do negócio. Seu foco está no bem-estar animal e nas melhorias da infraestrutura onde os animais ficam alojados.
Em 2014, a família aplicou R$ 120 mil na construção de um free stall, onde estão alojadas 52 vacas em lactação (1,6 mil litros produzidos por dia). Entre as principais vantagens do sistema, estão o conforto e o aumento da produtividade por animal. “De 28 saltamos para 33 litros. Oferecer um espaço adequado ao rebanho influencia na qualidade do produto entregue à indústria.”
Confinados em bais individuais, os animais apenas são levados a pastagem em dias secos. “Eliminamos os casos de infecções. Elas chegam limpas à sala de ordenha, sem necessidade de um banho diário. Têm água, comida e local de descanso apropriados.”
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Compost barn e bem-estar
Criado nos EUA, o modelo de confinamento compost barn foi adotado pelo casal Fábio e Simone Broenstrup Secchi em fevereiro de 2015. Formados em Tecnologia de Alimentos e Administração, trocaram os empregos na cidade para assumir a produção leiteira na época gerenciada pelos pais de Simone.
Na época, aplicaram R$ 400 mil em infraestrutura. O plantel é de 60 animais, sendo 30 em lactação, cuja produção diária é de 700 litros. O conforto é apontado como diferencial do modelo adotado. “Elas estão felizes e isso influencia na produtividade. Têm água, alimento e sombra 24h por dia.”
A média produzida por animal saltou de 18 para 26 litros. A meta até 2017 é chegar a 30 litros. Em 2013, o volume chegava a 800 litros por coleta. Hoje alcança 1,4 mil mesmo com um plantel 25% menor.
Outra mudança verificada está na qualidade. Há 14 meses, quando a produção ainda era realizada no modelo antigo (vacas soltas no potreiro e pastoreio), Fábio e Simone descartaram a matéria-prima durante 20 dias no o verão. O desconforto e a falta de uma dieta balanceada resultaram em leite instável não ácido, também conhecido como lina, considerado impróprio para a indústria.
Na época, o volume de células somáticas chegava a 600 mil/ml e a contagem bacteriana era de 250 mil/ml. Hoje esses percentuais alcançam 200 mil e 31 mil, respectivamente. “O teor de gordura é de 4% e de proteína é 3,5%, um produto de alta qualidade.”
Fábio explica que, quando manejado de forma correta, o compost barn fornece um ambiente limpo e confortável aos animais. Entretanto, a desvantagem é quanto à mão de obra e à secagem do material, pois a cama, feita se serragem, deve ser revirada duas vezes por dia, além de exigir o uso contínuo de ventiladores para secagem da umidade.
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Pasto o ano inteiro
Há dois anos, o produtor Élio Post adotou o sistema de produção a pasto, com pastagem permanente. São 3,5 hectares de gramíneas perenes e 3,3 hectares de pastagem alternativa (trigo e azevém), cultivada por ciclos. Além de ingerir uma média de 40 quilos de pasto verde, cada uma das 25 vacas em lactação recebe 14 quilos de silagem e seis quilos de ração ao dia. “O sistema é de baixo custo, viável para quem dispõe de área e o ideal é ter sistema de irrigação.”
A produção média por vaca ao ano alcança 23,3 litros. Para escapar do calor no auge do verão, o pastoreiro é feito à noite, depois da ordenha. “Importante oferecer água em abundância e dividir a área por piquetes.”