Com organização do Colégio Teutônia e parceiros, inicia amanhã à noite a 10ª edição do Fórum Tecnológico do Leite e a 6ª Feira Agro-comercial. Durante dois dias, serão debatidas ações em inovação, sustentabilidade, políticas públicas, gestão, sucessão familiar, assistência técnica e extensão rural.
Para o coordenador Márcio Mügge, produzir mais, com qualidade, eficiência e a custos racionalizados, desafia produtores. “Nosso consumidor busca um produto de qualidade. Isso mantém e abre novos mercados.”
Salienta a importância do setor para a economia do Vale. Dados da Emater apontam uma movimentação de R$ 1 bilhão por ano, em 55 municípios atendidos.
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Controle da produção pode garantir lucro
A Hora – Nos últimos três anos, a cadeia leiteira foi alvo de várias fraudes que denegriram a imagem do setor. Centenas de produtores acumulam dívidas e deixam a atividade. Quais seriam as alternativas para mudar esse cenário e recuperar a credibilidade?
Márcio Mügge – É importante salientar que as fraudes foram identificadas a partir de um processo de fiscalização, fundamental em todo e qualquer processo de produção de alimentos. Mesmo que esse período tenha sido turbulento, e de perdas, quando alguns empreendimentos inclusive fecharam suas portas, acredito que estamos caminhando para um cenário favorável em que o mercado consumidor identificará que nossa região produz alimentos de qualidade e sem adulteração, pois aqui somos fiscalizados.
Oscilação do preço, seguidos aumentos nos custos de produção, falta de mão de obra e consumo em queda também prejudicam quem persiste na atividade. Como o produtor pode driblar esses empecilhos e enxergar uma oportunidade em meio à crise?
Mügge – Crises vão e vêm, e isso ocorre em todos os setores da economia. É fundamental o produtor focar o seu processo de produção, com vista à gestão da propriedade. É necessário que acompanhe todos os elementos que compõem o processo e se torne o mais eficiente possível.
Durante o fórum, serão apresentados modelos produtivos. Como o agricultor pode identificar qual é o mais apropriado para sua propriedade e a hora certa de fazer os investimentos?
Mügge – Os modelos a serem apresentados estão sendo aplicados na nossa região, são viáveis e operam dentro dos conceitos da sustentabilidade econômica. Não há como identificar o melhor modelo, pois partem de características e realidades diferentes. A partir da apresentação, o produtor poderá verificar quais situações podem ser aplicadas na sua propriedade, o que já possui e faz e o que pode incrementar. A aplicação de novos sistemas nem sempre está condicionada a altos investimentos. Muitas vezes, pequenas ações eficientes representam grandes diferenças.
Quem não tiver qualidade e quantidade ficará para trás?
Mügge – Qualidade é fundamental em todo e qualquer produto e serviço. É isso que o mercado consumidor quer e busca. Na produção leiteira, não é diferente, por isso, produzir leite de qualidade é essencial para garantir e conquistar novos mercados. A quantidade precisa ser melhor observada com vistas especialmente aos custos de produção. Não adianta aumentar a quantidade e na mesma escala as despesas. De fato, indicadores que caracterizam o mercado apontam o aumento da produtividade para sustentar a produção, e esse é um desafio que precisa ser enfrentado pela cadeia leiteira.
Profissionalização e planejamento são os principais gargalos a serem superados?
Mügge – Penso que sim. É muito importante que o produtor tenha a consciência de que ele precisa se profissionalizar. Focar na gestão de sua propriedade garante condições para tomar decisões importantes. O produtor de leite precisa ser um administrador rural, necessita inovar, conhecer novas tecnologias, avaliar sempre suas ações, olhar para os custos, observar o mercado e identificar os momentos certos para investir e trabalhar em parceria. Ao mesmo tempo, a sociedade, por meio de suas representações nos diversos setores, também precisa estar atenta ao setor, pois sem ele certamente terá enormes problemas sociais.