Fumicultor intensifica plantio de mudas

Vales do Taquari e Rio Pardo

Fumicultor intensifica plantio de mudas

Orientação é para manter a área cultivada do ciclo anterior. Preço aumentou 40%

Fumicultor intensifica plantio de mudas
Estado

Florindo Luzzani, 59, de Boqueirão do Leão, está entre os que agilizam o transplante de mudas. A família manterá a área da safra anterior, 80 mil pés. “Queria plantar mais, no entanto, o rigor das leis trabalhistas para contratar diaristas mudou nossos planos.”

Produtor faz 45 anos, chegou a cultivar 200 mil pés, mas a carência de mão de obra e a alta nos custos dos insumos o fizeram recuar a área gradativamente. Hoje, além de Luzzani e a mulher, os três filhos auxiliam no trabalho. Na safra passada, colheram mais de 560 arrobas. O rendimento chegou a R$ 95 mil. “Vendi a arroba por uma média de R$ 170.”

Pelo segundo ano consecutivo, optou por semear aveia nas áreas onde faz o transplante das mudas. A técnica de plantio direto favorece a cultura em anos de chuva moderada, como está previsto para este ciclo. “A palha ajuda a controlar o inço e mantém o solo úmido.” O transplante será finalizado até outubro e, na primeira quinzena de dezembro, começa a safra.

Com o aumento de 40% no preço pago ao produtor, a Afubra projeta um aumento de até 10% na área para este ciclo. Contudo, a orientação da entidade é que, no máximo, se mantenha a mesma quantidade da safra anterior, para o produto final continuar valorizado. “Se aumentar a oferta, com certeza a cotação será menor”, salienta o tesoureiro Marcílio Drescher.

Outros motivos para ampliar o cultivo são as perdas provocadas pelos temporais de granizo e umidade em excesso. “Para recompor os prejuízos, muitas famílias plantam mais. Estamos apreensivos. Caso a previsão climática se confirmar, teremos uma safra cheia e poderá sobrar produto.”

De volta ao campo

Em Boqueirão do Leão, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), José Fumagali, diz que a cultura terá um incremento de 10% na área. Entre os motivos, enumera o valor pago pela arroba e o retorno de muitas famílias ao interior. “Perderam o emprego na cidade e o tabaco é uma das únicas opções de renda. A indústria financia tudo e o agricultor paga com o dinheiro da produção. Poucas atividades oferecem essa vantagem.”

De acordo com a Emater, a cultura ocupa três mil hectares e a produção chega a seis mil toneladas ao ano. Movimenta R$ 45,6 milhões.

Produção cai

Conforme Alexandre Paloschi, coordenador do Departamento de Pesquisa e Estatística da Afubra, na safra 2015/16, foram colhidas 525,2 mil toneladas nos três estados da Região Sul. Devido a problemas meteorológicos, a oferta reduziu em 172,4 mil toneladas, comparando com o ciclo anterior.

Em compensação, o valor pago pelo quilo aumentou. De R$ 7,13, saltou para R$ 9,95. “Amenizou em parte as perdas de produtividade devido ao excesso de chuva e ocorrência de granizo.”

Paloschi reforça a orientação de Drescher para que o fumicultor evite o aumento da área cultivada. Com a oferta maior do que demanda, podem haver frustrações, alerta.

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