Com show do grupo Rock de Galpão, encerrou nessa sexta-feira à noite a 7ª edição da Feira do Livro. O tema deste ano foi “A leitura pede passagem” e contou com o escritor Eduardo Shinyashiki como patrono. As escritoras Tânia Martinelli, André Neves e Gláucia de Souza também participaram do evento conversando com o público, composto principalmente por estudantes.
Durante as palestras, os escritores contavam sobre processo criativo e incentivavam o hábito da leitura entre o público. Ao longo de três dias, o evento levou até a sede da Soges mais de 20 mil pessoas. Cinco livrarias participaram.
O grupo
Lançado em 2007, o CD Rock de Galpão foi o início do projeto comandado pela banda Estado das Coisas em parceria com o percussionista Diablo Vegas. Com objetivo de revistar clássicos da música gaúcha, o grupo ganhou apoio de diversos ícones do tradicionalismo. Em entrevista ao A Hora, o vocalista Tiago Ferraz faz um balanço da trajetória do projeto.
A Hora – Uma das principais marcas do Rock de Galpão é a aproximação da música tradicional com abordagens mais modernas. Na sua avaliação, qual é o efeito dessa iniciativa na popularização da música e da cultura gaúcha?
Tiago Ferraz – Nossa prioridade é o “resgate” cultural da música feita no “sul do Brasil”. Aproximamos o passado do presente, turbinamos a informação das nossas canções para chamar a atenção das gerações para que possam participar de um momento único e presenciarem juntas um pouco da cultura feita na nossa querência.
Durante feiras do tipo é comum ouvir sobre a dificuldade de aproximar a leitura do público mais jovem devido ao excesso de mídias e a internet. A música é outro setor que tem sido fortemente influenciado por esse cenário. Como produções locais podem atrair a atenção e atingir o reconhecimento necessário para ter continuidade?
Ferraz – A grande mídia do centro sempre ignorou a música produzida por aqui e acredito que seja o principal motivo de manter a continuidade de belos trabalhos produzidos no sul. Como se não bastasse, sofremos uma espécie de boicote interno, causado pela falta de atenção e comprometimento da arte produzida na Região Sul. Nós mesmos não sabemos nos valorizar. Acredito que uma das soluções seja a necessidade de conceituar, explicar para a comunidade a importância de incentivar o que é produzido por aqui, em todas as vertentes da arte. Gerar emprego para que essas pessoas possam qualificar os seus serviços. Valorizamos muito qualquer coisa que vem do centro do país, pagamos caro por isso e a nossa cultura é desvalorizada sem maiores precedentes.