Os dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram a predominância, entre homens e mulheres, de postulantes à vereança com Ensino Médio completo. Esses representam 33,9% do total de candidatos registrados para o pleito do dia 2 de outubro nas 38 cidades da região.
Entre as mulheres, essa média é ainda mais acentuada. Das 533 candidatas, 192 – ou 36% – só tem escolaridade até o Ensino Médio. Já em relação aos homens, o índice fica um pouco abaixo do geral. São 32,8% do total de 1.023, representando 336 candidatos.
A segunda maior parcela se refere aos candidatos com Ensino Fundamental incompleto. Esses representam 27,4% dos 1,5 mil postulantes. No entanto, diferente da predominância do Ensino Médio, mulheres e homens separados apresentam índices distintos.
Entre eles, a segunda maior parcela também é representada por candidatos com Ensino Fundamental incompleto – 31,9%, ou 327 pessoas. Já entre as mulheres, aparecem aquelas com Superior completo. Essas são 19,1% do total, o que significa 102 postulantes.
Pelo gráfico geral, abrangendo pessoas do sexo feminino e masculino, as demais parcelas são formadas por pretendentes com Ensino Fundamental completo (13,2%), Superior completo (13,2%), Superior incompleto (6,1%), Ensino Médio incompleto (5,2%) e, por fim, 12 candidatos que só sabem ler e escrever.
Boqueirão do Leão se destaca
Entre os municípios menores, destaque para Boqueirão do Leão no quesito “Ensino Superior completo”. Com pouco mais de sete mil habitantes, são sete candidatos com graduação entre os 34 que concorrem em outubro, representando quase 20% do total. O índice é alto se comparado com o quadro geral de postulantes, no qual só 13% possui tal qualificação acadêmica.
Na contramão desses dados, cinco pequenas cidades são as únicas do Vale do Taquari onde não há candidatos com Ensino Superior completo. São elas: Canudos do Vale, Coqueiro Baixo, Dois Lajeados, Poço das Antas e Pouso Novo. Já em Lajeado e Estrela, cidades com maior número de candidatos – 147 e 136 –, são 38 e 26 – respectivamente – candidatos graduados.
Índices melhores com prefeitos
Entre os 84 candidatos à majoritária nos 38 municípios do Vale do Taquari, 29 – ou 34,5% – são graduados no Ensino Superior. É a maior parcela entre todos os postulantes. Outros 24 têm só Ensino Médio completo e dez completaram o Ensino Fundamental. Em toda a região, só um concorrente – em Roca Sales – sabe apenas ler e escrever.
Em 16 das 38 cidades, não há candidatos a prefeito graduados no Ensino Superior. São elas: Anta Gorda, Arvorezinha, Capitão, Canudos do Vale, Coqueiro Baixo, Cruzeiro do Sul, Doutor Ricardo, Fazenda Vilanova, Ilópolis, Marques de Souza, Progresso, Putinga, Sério, Travesseiro, Vespasiano Corrêa e Westfália. Entre os 84 postulantes a vice, também são 29 com graduação.
Saiba mais
Quem pode ser vereador: é preciso ter domicílio eleitoral no município que pretende concorrer desde o dia 2 de outubro de 2015, e estar filiado a um partido político desde o dia 2 de abril de 2016. Também é necessário ser brasileiro; ter pleno exercício dos direitos políticos; ser alfabetizado; estar em dia com a Justiça Eleitoral; ter 18 anos de idade; certificado de reservista (para homens);
Não pode ser candidato: parente do prefeito do mesmo município até segundo grau (mãe, pai, filho, filha, avô, avó, neto, neta, irmão e irmã), por afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhado e cunhada), ou por adoção. Caso o prefeito se afaste do cargo até seis meses antes da eleição, passa a ser permitida a candidatura dos parentes. Condenações em juízo criminal, por improbidade administrativa e a incapacidade civil suspendem os direitos políticos.
“Raramente o eleitor conhece as propostas feitas pelo candidato ou se lembra em quem votou nas últimas eleições.”
“A ideia não parece muito animadora no setor privado.”
Entrevista com Daniel Granada da Silva Ferreira, graduado em Ciências Sociais e mestre em Sociologia
A Hora – Qual a influência desses dados na escolha dos votos pelo eleitor?
Daniel Granada da Silva Ferreira – Acredito que o nível de instrução dos candidatos reflete de certa forma o nível do conjunto de nossa população, onde apenas 14% da população com idade entre 25 e 64 anos tem diploma de ensino Superior no Brasil, e nessa conta entram todos, inclusive aqueles EADs, e os de qualidade duvidosa. Não sei se algum eleitor avalia o nível de instrução formal do seu candidato. Normalmente a escolha se dá por outros motivos, como afinidade, conhecimento, compadrio, troca de favores. Raramente o eleitor conhece as propostas feitas pelo candidato ou se lembra em quem votou nas últimas eleições. Atualmente, com os recentes escândalos do cenário político nacional, temos visto mesmo nos anúncios das candidaturas alguns candidatos que escondem as filiações partidárias nas propagandas publicadas na imprensa. Em outros países, o partido político é uma referência para as propostas que devem servir de plataforma política, mas aqui funciona muito mais com relações pessoais.
Como você avalia a pouca exigência de escolaridade para esses cargos públicos?
Ferreira – Com relação à não exigência de escolaridade para cargo político, também penso que é um reflexo de nossa sociedade, o que acaba servindo a determinados interesses. Se estivermos de acordo que no caso do Legislativo e Executivo municipal, a gestão e elaboração de políticas e propostas de âmbito local implica também em certo conhecimento técnico, então, podemos pensar como funcionaria uma empresa privada em qualquer setor composta por trabalhadores sem exigência de nenhum nível de escolaridade formal, escolhidos por afinidade. Pois é, se a ideia não parece muito animadora no setor privado, no público já conhecemos os resultados.
