A família do menino autista Arthur de Vargas, 10, comemora a decisão da Justiça. Depois de um ano e nove meses sem frequentar a Apae, a juíza da 1ª Vara da Comarca de Teutônia, Patrícia Stelmar Netto, garantiu vaga na instituição em Lajeado e determinou que o Executivo se responsabilize pelo transporte diário. Caso o município não cumpra, pagará multa de R$ 100 por dia. A medida foi divulgada ontem.
O dilema vivido pela família iniciou em dezembro de 2014, quando Arthur passou a apresentar comportamento atípico. Ao chegar em casa, após passar o dia na Apae, ele sentia muita fome, chorava sem motivo aparente e apresentava comportamento agressivo. A mãe, Karen Vargas, foi em busca de respostas para o regresso da criança.
Após inúmeras tentativas, conseguiu o relato de duas monitoras que afirmaram ter assistido outra funcionária agredir o menino com tapas e palavras ofensivas. Com os depoimentos, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Teutônia em dezembro de 2014, quando Arthur tinha 8 anos. Um processo foi iniciado com pedido de afastamento da suposta agressora.
A acusada falou em depoimento que apenas se defendeu da criança. Diante disso, Karen exigiu o afastamento da mulher para que o filho continuasse no educandário. Entretanto, a direção da Apae negou, assim como a Justiça.
Desde o episódio, Arthur foi afastado da escola e recebia conhecimento apenas em consultas com psicopedagogas. Karen também deixou o emprego para se dedicar ao filho e batalhar pelo direito de ensino. Outro processo foi aberto solicitando uma escola regular, ou vaga e transporte para outra Apae.
A juíza fez o primeiro pedido ao Executivo para conduzir a criança até Lajeado, mas a resposta foi negativa. Segundo o poder público, haveria muitos custos com a terceirização de um veículo. A família recorreu e exigiu resposta que surgiu por meio da determinação da juíza.
A decisão de quarta-feira alegra. Para Karen, o primeiro e principal problema foi resolvido. “Era o que a gente queria, que ele fosse amparado. Depois de um ano e nove meses, conseguimos atender a um direito do Arthur”. Mesmo com a decisão judicial a mãe pretende manter o processo contra a agressora.
Adaptação para ensino contínuo
Durante as aulas com a psicopedagoga, o menino apresentou desenvolvimento cognitivo. A relação entre números e palavras. Arthur também permaneceu sentado durante uma hora, fazendo as atividades propostas. Segundo Karen, o ensino individual garantiu o aprendizado. Agora inicia um novo processo de adaptação. “Acompanharei ele o quanto for necessário até que possa ir sozinho. Desde bebê, íamos para a Apae com transporte coletivo. Vale qualquer esforço para que ele estude.”