Parte dos 100 mil metros cúbicos de dejetos gerados pela produção de suínos e gado leiteiro será tratada. Convênio assinado com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo (SDR) viabiliza a instalação de sete biodigestores em propriedades.
O financiamento no valor de R$ 10 mil, via Feaper, para construir cada unidade do sistema poderá ser pago pelos produtores em cinco anos, com juro zero e rebate de 80% do valor se o empréstimo for quitado em dia. Com isso, o custo poderá ficar em apenas R$ 2 mil.
Segundo o chefe do escritório da Emater, Claudiomiro da Silva Oliveira, os projetos são frutos de conhecimentos obtidos durante a missão a Israel pela comitiva do Vale do Rio Pardo que viajou ao país do Oriente Médio no fim de abril e início de maio de 2015.
Na época, começou a ser elaborado um projeto para reduzir o impacto ambiental e no futuro criar uma nova fonte de lucro ao produtor. Num primeiro momento, os dejetos tratados resultam na produção de gás utilizado para aquecer a água usada na limpeza de salas de ordenha e aquecimento de creches de leitões. “Reduz os custos com energia elétrica e lenha nas granjas.”
Em Israel, visitaram a empresa Afimilk, no Kibutz Hof Hasharon. Segundo Oliveira, lá, o governo recolhe os dejetos e os leva para uma usina onde é gerada energia limpa. “Nenhum litro de esterco líquido é jogado no solo.”
Após o retorno a Mato Leitão, a secretaria buscou contato com uma empresa que atuava no ramo para verificar custos e a viabilidade do projeto. Num segundo momento, cinco produtores fizeram uma visita técnica à indústria para conhecer o sistema e o funcionamento. Três desistiram pelo custo elevado.
O financiamento oferecido pela SDR, com o propósito de construir 60 unidades no RS, permitiu o andamento do programa. Por escritório regional da Emater, estavam previstos apenas cinco, no entanto, o de Soledade, ao qual pertence Mato Leitão, recebeu 11.
Há duas semanas, foram liberados quatro projetos. Os outros três estão em fase de análise. Praticamente todos os agricultores já têm tanques de alvenaria para armazenar os dejetos e dessa forma haverá necessidade apenas de colocar a armação com a lona de isolamento por cima das estruturas e uma cinta de concreto no entorno.
Potencial mapeado
Durante a Expointer, a Secretaria de Minas e Energia e a Companhia de Gás do Estado (Sulgás) apresentaram o Atlas das Biomassas, com amplo estudo sobre as regiões potenciais de produção de biogás e biometano no RS. No Vale do Taquari, são geradas 5,7 mil toneladas de resíduos e dejetos (agroindustriais, bovinos, suínos, aves, equinos e ovinos).