A União anunciou ontem o projeto que prevê a concessão de rodovias. A proposta pode trazer os pedágios de volta para o Vale na BR-386. No Programa de Parceria de Investimentos (PPI), estão previstos contratos com a iniciativa privada em quatro rodovias federais. Mesmo sem definição dos trechos que serão concedidos, líderes regionais avaliam a possibilidade de retorno como um mal necessário.
Para a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cíntia Agostini, a instalação de pedágios já era prevista desde 2013. “Quando retiraram as praças, nós sabíamos que um dia elas iriam voltar.” Na avaliação dela, os governos melhoraram os acordos com as empresas nos últimos anos. “Diferente dos contratos assinados na década de 90, agora esperamos a cobrança por investimentos e não apenas de manutenção das rodovias.”
Cíntia ressalta que, apesar de impopular, a cobrança pode ser a saída para garantir estradas melhores. “Ninguém gosta de pagar pedágio, mas essa é a alternativa para garantir investimentos, estamos falando de duplicação e não apenas manutenção das rodovias.”
O entendimento do presidente da Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Ito Lanius, é parecido com o de Cintia. “O pedágio é um encargo a mais incorporado aos produtos e serviços, onera toda população. Porém, preferimos pagar e ter estradas.”
Mesmo aceitando a necessidade de instalação, Lanius é pessimista em relação a novos investimentos. “Acredito que será feita apenas a manutenção e não grandes obras como a duplicação. Isso por que são investimentos muito altos e é difícil as empresas arrecadarem.”
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Duplicaçãosem perspectiva
Sem previsão de recursos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do governo federal de 2017, a continuidade da duplicação da BR-386 ficou mais distante. Verbas destinadas para finalizar os 8,4% restantes só serão possíveis com emendas parlamentares ou por meio de repasses não previstos.
Entre 2011 e 2012, o governo enviou cerca de R$ 4,4 milhões por mês ao consórcio responsável pela duplicação do trecho de 33 quilômetros entre Estrela e Tabaí. Nos últimos meses de 2014, os recursos caíram para cerca de R$ 175 mil. O prazo para entrega venceu em 2013.
Mesmo com pouca verba, as obras seguiram durante o ano de 2015, mas em janeiro deste ano os serviços foram totalmente suspensos.
Pelo contrato, até janeiro faltavam R$ 15,5 milhões para conclusão o trecho. Em agosto, o consórcio previa a necessidade de investimentos na casa de R$ 25,5 milhões para término da obra.
A taxa mais cara do estado
Com operações encerradas em 2013, o trecho de Marques de Souza é um dos marcos dos contratos assinados na década de 1990. Pouco antes de ser fechada, as tarifas cobradas na praça eram as mais caras do estado – R$ 14 por veículo na época.
Apesar do alto valor tarifário, usuários reclamavam das condições das estradas e do impacto nos custos de logística. As cancelas foram levantadas definitivamente em abril de 2013, com o fim dos contratos com as concessionárias.