A fábrica de calçados Blip, de Canabarro, foi atingida por um incêndio. As chamas alcançaram o setor de expedição na noite de sábado. Por volta das 23h, o Corpo de Bombeiros Voluntários de Teutônia foi chamado para combater o sinistro. Os bombeiros de Estrela deram suporte no serviço. Foram necessários 80 mil litros de água para controlar o fogo. Esse foi o segundo incêndio em cinco meses.
A fábrica está desativada desde 2011, quando os administradores decretaram falência. A decisão gerou prejuízo a cerca de mil funcionários. Salário, décimo terceiro, férias e 40% sobre a rescisão contratual são alguns dos débitos da empresa com os ex-funcionários. A integridade do prédio é a garantia real de recebimento de parte dos direitos.
Eloir Broenstrup, 47, de Canabarro, trabalhou na Blip como modelista. Em 2004, ele firmou acordo com a empresa, parcelando em 20 vezes. As primeiras sete foram pagas. O restante ficou no esquecimento. Hoje, com a correção monetária, acredita ter R$ 15 mil a receber. O estado do prédio desanima o ex-funcionário. “A situação complica cada vez mais. Tem ponto de drogas lá dentro, vandalismo, virando lixão e criação de ratos. O incêndio só pode ter sido criminoso, pois não havia mais instalação elétrica.”
Além da desvalorização da infraestrutura com o tempo, o incêndio preocupa. Segundo Broenstrup, não há clareza sobre o processo e isso atrasa ainda mais a chance de receber. “Quanto mais o tempo passa, mais dinheiro perdemos. Não temos o que fazer, o sindicato e os advogados dizem que o processo está na Justiça.”
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Revisões adiam pagamentos
Em outubro do ano passado, audiência entre administradores da massa falida e representante sindical buscaram agilidade no processo. Foi determinado que o recurso oriundo da venda de máquinas, ICMS, PIS/Cofins e da Justiça Federal pagariam os ex-funcionários.
Na época, a previsão era de iniciar os primeiros pagamentos no primeiro semestre deste ano. Segundo o advogado do Sindicato das Indústrias Calçadistas de Teutônia (Siticalte), Elton Haefliger, revisões dos nomes dos credores tornam o processo lento. A cada retomada, alguns trabalhadores ficam de fora e uma nova ação é necessária para colocá-los no documento.
Outro fator negativo é a dívida da empresa com agências bancárias que exigem o prédio como garantia. A planta industrial que está empenhada aos trabalhadores tem duas matrículas. Uma delas garante o pagamento de 400 funcionários. A outra está em nome do sogro de um dos sócios. A área estava avaliada em R$ 3 milhões.