Passo do Corvo: herança da travessia pelo Rio Taquari

Arroio do Meio

Passo do Corvo: herança da travessia pelo Rio Taquari

A denominação da comunidade arroio-meense surgiu quando Colinas ainda era chamada de Corvo. Hoje, mais de 200 pessoas moram em Passo do Corvo e destacam que as terras da localidade “são as mais férteis do mundo”.

Passo do Corvo: herança da travessia pelo Rio Taquari
Arroio do Meio

Foi por volta de 1835 e 1840 que Johann Gerhardt se instalou no local conhecido como Fazenda São Caetano e iniciou a colonização de Arroio do Meio. Na época, os principais meios de transporte passavam pelo Rio Taquari.

Em um desses pontos da São Caetano, foi instalada uma balsa. Por meio dela, era feita a travessia de pessoas e produtos entre a fazenda e Corvo – um dos distrito de Estrela.

Foi essa ligação que acabou nomeando a localidade de Arroio do Meio. “O pessoal chamava a travessia de ‘passo’. Então aqui era o Passo do Corvo”, esclarece o agricultor Pedro Inácio Gallas, 53.

Conforme os moradores antigos, a estrada geral de Passo do Corvo era uma das mais movimentadas da região devido à balsa. Havia até uma linha do Expresso Albatroz, empresa de ônibus de Caxias do Sul que utilizava a embarcação todos os dias para chegar ao outro lado do rio e passar por Lajeado e Estrela.

Um armazém conhecido por vender “um pouco de tudo” funcionava em Passo do Corvo. Hoje, no local, está instalada a propriedade agrícola da família Schneider.

Em 1955, a comissão emancipacionista mudou o nome do distrito de Corvo para Colinas. Entretanto, do outro lado do Rio Taquari, a denominação permaneceu igual. “O corvo ficou de herança para a gente”, brinca o agricultor José Schmitz, 55.

Nas terras da família Schmitz, passava a estrada que seguia até a balsa. Com a substituição do transporte hidroviário pelo rodoviário (ERS-130 e BR-386), a balsa parou de funcionar. Hoje, a antiga estrada está tomada pela capoeira e é utilizada apenas por carroças.

Mesmo com a inexistência do ‘corvo’ ou de qualquer conexão atual com Colinas, Schmitz destaca que a população local jamais questionou a denominação Passo do Corvo. “Pode ser um nome esquisito, mas a gente tem orgulho dele.”

Passo do Corvo hoje

Cerca de 200 pessoas moram em Passo do Corvo. A criação de animais e produção de milho e soja são as principais atividades da localidade. Entre a população, há o rumor de que Passo do Corvo tem uma das terras mais férteis do mundo. “Tudo que a gente planta aqui cresce rápido”, enaltece o agricultor Irineu Guth, 66.

O engenheiro agrônomo da Emater, André Müller, confirma a qualidade do solo. Conforme ele, as seguidas cheias do Rio Taquari trazem minérios para as terras, tornando-as férteis. “São áreas que precisam de pouca ou quase nenhuma correção.”

Um dos últimos investimentos agrícolas em Passo do Corvo foi feito pela Cosuel. A cooperativa destinou mais de R$ 4 milhões na construção do condomínio de leite União do Vale, com capacidade para abrigar 262 vacas leiteiras de 15 famílias.

Conforme o responsável pelo local, Ederson Müller, 25, o condomínio deve iniciar as atividades neste mês. Expectativa é de produzir dez mil litro de leite por dia.

Sem igreja, escola ou comércio

Devido à proximidade com a área urbana, Passo do Corvo não tem igreja ou comércio. Os moradores frequentam os templos de São Caetano e fazem compras nos bairros próximos ou no centro.

Há mais de duas décadas, foi desativada a única instituição de ensino da localidade: a escola Três de Maio. O prédio chegou a sediar cultos e reuniões, mas foi demolido no ano passado. Hoje, apenas uma caixa de luz em meio à plantação indica que um dia havia uma escola no local.

Um dos orgulhos da população é a Associação Esportiva Passo do Corvo. Fundado em 21 de maio de 1968 foi campeão municipal. Também ficou duas vezes em terceiro lugar no Regional da Aslivata.

Mapa QUE LUGAR É ESSESobre Arroio do Meio

*Conforme o livro Arroio do Meio 50 Anos, o primeiro proprietário das terras onde hoje está o município foi José Ricardo Villa Nova. Ele ganhou a concessão da área em 1816;

*Em 1846, as terras são repassadas para Francisco Silvestre Ribeiro. Ele dá origem à Fazenda São Caetano, citada pela primeira vez em documentos oficiais em 1856;

*Imigrante alemão, Johann Gerhardt se instala na região e adquire a Fazenda São Caetano no dia 7 de março de 1860;

* Em 31 de março de 1938, Arroio do Meio se emancipa de Lajeado por meio de um decreto estadual;

*A denominação do município provém da existência de três arroios vizinhos: o Grande, o do Meio e o Forqueta;

*Conforme o IBGE, em 2010 a população arroio-meense era composta por 18.783 pessoas;

*A cidade também é conhecida como Pérola do Vale.

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