O triplo assassinato cometido na tarde dessa quinta-feira chama atenção para os altos índices de homicídios em Lajeado. Os números da Secretaria Estadual de Segurança apontam que, apenas no primeiro semestre deste ano, 14 pessoas foram mortas. Segundo a Delegacia de Polícia do município, foram 19 mortes até agora.
Os números aproximam-se do registrado em 2014, quando houve 30 assassinatos. O delegado Juliano Stobbe acredita que os índices devem se repedir em 2016. “O Estado ignora a segurança, manipula dados criminais para dizer que está tudo bem, mas vivemos uma crise na área.”
De acordo com o delegado, além das maquiagens, o governo também não fornece estrutura para resolução dos crimes. “Não tem policial para fazer plantão, falta gasolina para as viaturas. E, mesmo assim, querem uma resolução de crimes como da Inglaterra.” Apesar disso, ele garante ter um índice de mais de 50% dos assassinatos esclarecidos desde 2013.
Envolvimento com tráfico
De acordo com Stobbe, a maior parte das vítimas tem relação com o tráfico de drogas. Ele afirma que esses são os mais difíceis de resolver. “Nesses casos, as pessoas não querem falar e normalmente são cometidos em regiões longe do centro, sem câmeras de segurança.”
As prisões por tráfico de drogas somam 304 no período de três anos, sendo o maior número registrado em 2013, quando 98 pessoas foram detidas pelo crime. Neste ano, foram 35 prisões durante o primeiro semestre.
Criminosos de fora da região
A guerra por pontos de tráfico é a principal suspeita da polícia como motivação para os crimes dessa quinta-feira. Na ocasião, Alair José Winter, Gabriel Henrique Winter e Ivan Antônio Alves foram assassinados quando estavam em casa, no bairro Santo Antônio.
Segundo Stobbe, responsável pelas investigações, todos eles tinham ligação com a venda de entorpecentes. “Quem não tinha sido preso era investigado.”
Alair, 41, era o mais velho dos três e foi preso por diversas vezes. Ele havia sido transferido para o semiaberto há seis meses. Além de tráfico, foi acusado por roubo, homicídio e agressão. Conhecidos o descrevem como um homem violento. As outras duas vítimas são o filho de Alair, Gabriel, 24, e o cunhado, Ivan, 18.
Pelo menos três homens em um carro e duas motos foram à casa por volta das 18h e dispararam contra as vítimas. De acordo com as apurações preliminares, as armas usadas foram duas pistolas.
O carro dos criminosos foi encontrado poucas horas depois nas proximidades da ERS-130. O veículo foi furtado em Porto Alegre, o que leva a polícia a acreditar que os assassinos são de fora da região.