Tradição em megaeventos esportivos, o trabalho dos voluntários é essencial para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Esse costume começou nos Jogos de 1912, em Estocolmo, com a participação de escoteiros e do Exército e se perpetuou. Na edição de 2012, realizada em Londres, 70 mil pessoas dispuseram de seu tempo e contribuíram para o sucesso do evento. Neste ano, não é diferente. Dados do Comitê Olímpico Internacional (COI) relatam que 45 mil pessoas, de diversas nacionalidades, trabalham no evento realizado no Rio de Janeiro.
Dentre elas, estão moradoras do Vale do Taquari, como Luana Germano, de Lajeado. Aos 25 anos, ela acumula títulos quando o assunto é dedicação para receber torcedores de vários cantos do mundo. Luana foi voluntária na Copa do Mundo em 2014 e gostou tanto da experiência que apostou na “dobradinha” em 2016. “Quando surgiram as inscrições para as Olimpíadas, me joguei na hora, não podia ficar de fora de um momento tão histórico para o país e para minha vida. Quem nunca quis presenciar uma Olimpíada?”, indaga.
Ela atua na equipe de EVS – Serviço ao Torcedor, sendo responsável por todas as informações voltadas aos espectadores, como auxílio de transporte para pessoas com pouca mobilidade, ajuda na entrada e saída dos espectadores das arenas.
Luana participou de treinamentos on-line e um presencial na Arena. “Aprendemos sobre a função, a importância do voluntariado, do respeito ao próximo, o compromisso, de como receber pessoas com deficiência e até como agir durante possíveis ataques”, afirmou.
Atuando na Arena de Hóquei, Luana conta que não teve muito contato com celebridades e nem assistiu aos jogos. “Aqui o ritmo é frenético e o movimento é grande. Início meu turno às 6h e finalizo às 15h.” Relata que os voluntários ganharam ingressos para assistir algumas partidas. Na sexta-feira, ela assistiu a França versus Venezuela pelo basquete masculino.
Sobre as festas, conta que os países montaram locais para apresentar a cultura e gastronomia.
“Quero estar no próximo Pan e Olimpíada”
Mesmo longe dos flashs que rodeiam os atletas consagrados, o voluntariado foi uma forma de fazer parte da história e da primeira Olimpíada brasileira. “O dinheiro não importa neste momento. A questão maior é o espírito olímpico, quem é voluntário faz parte de uma a história diferente, está sendo marcado. É a primeira vez que o Brasil recebe a Olimpíada e participar do voluntariado é fazer parte da história também”, comenta a estudante de Relações Internacionais, Tauana de Freitas.
Natural de Sério, a jovem de 18 anos atua com o público, direcionando o público para os assentos, validando ingressos, organizando filas, ajudando na mobilidade de pessoas com dificuldades.
Como trabalhou no sambódromo, Tauana conseguiu assistir a todas as provas de tiro com arco, inclusive a final. Após a competição, a estudante trabalhou no Estádio Olímpico, onde viu de perto a vitória de Portugal por 2 a 0 sobre a Argentina no futebol masculino e a goleada da seleção brasileira sobre a China por 3 a 0 no futebol feminino. Além desses eventos, ganhou ingressos para assistir aos jogos de rugby e às disputas do judô.
Ao contrário de Luana, Tauana teve contato com atletas e imprensa internacional. “Estive perto de atletas da Nigéria, Indonésia e Itália, porém, o maior contato até agora foi com o ex-jogador brasileiro de basquete Oscar Schmidt, o atleta Artem Kosov do remo russo e uma equipe de um noticiário do Catar, Emirados Árabes, aos quais concedi uma entrevista.”
Depois da participação na Olimpíada, Tauana começará a programar a ida aos jogos Pan-Americanos no Peru, em 2019, e às Olimpíadas de Tóquio, em 2020. “Quero estar nos dois eventos.”
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“[…]estou aproveitando para turistar pelo RJ[…]”
A vontade de ajudar em um evento tão importante para o país e representar o RS levou Lidiane Moraes dos Santos, 26, de Taquari, a participar da seleção de voluntários. “Pude unir o útil ao agradável, sem falar que estou aproveitando para turistar pelo RJ, já que nunca estive na cidade.”
Como o trabalho é voluntário, a única coisa que ganharam do COI é o uniforme, que consiste em duas calças que viram bermudas, três camisetas, uma jaqueta, uma capa de chuva, uma bolsa, um cinto, um boné, um tênis, três pares de meia e um relógio, mais alimentação.
Assistente do Centro de Comunicação, Lidiane auxilia no monitoramento das conversas de rádio do gerenciamento de instalações da Marina da Glória, o que consiste na divulgação de informações e prevenção de incidentes na instalação.
Conta que passou por diversos atletas e celebridades, mas não conseguiu ter contato com eles. “Na maioria das vezes, eles estão na correria e a gente está trabalhando. Mas se surgir a oportunidade acredito que possa ter um momento de fã.”
Mesmo sendo voluntária, Lidiane adquiriu ingressos para assistir às provas de nado sincronizado e ginástica rítmica e alguns jogos de basquete. Além de ganhar ingressos para partidas de rugby. “O nado e a ginástica ainda não aconteceram, mas já fui nas demais e foi uma experiência maravilhosa.”
“[…]é uma experiência incrível[…]”
Jornal A Hora – Como está sendo a troca de experiências?
Luana – Ah, é uma experiência incrível. Poder conhecer pessoas de todo o canto do mundo é demais. Conhecer culturas diferentes, conversar com pessoas é muito legal. E para minha experiência profissional isso é extremamente importante, estar sempre ligada nas tendências e aprender com este megaevento é muito gratificante.
Tauana – Tem sido tudo muito intenso. Já conhecia o Rio e sabia que era uma cidade muito turística e que vinham para cá muitos estrangeiros, mas está sendo surpreendente. Helicópteros sobrevoam a noite toda, e tenho encontrado muitos carros de chefes de Estado, e repórteres de todo lugar. O mundo se volta hoje para o Rio, e poder vivenciar isso tem sido indescritível.
Lidiane – Muito boa. Já conheci várias pessoas de diversas cidades e países. Os meus companheiros de apartamento eram gaúchos desconhecidos e agora viraram amigos incríveis. No meu trabalho, também conheci pessoas muito legais e bem diferentes entre si. Nessa questão, não tenho do que reclamar.
Na sua visão, como estão os jogos?
Luana – O que percebo dos espectadores é que estão muito satisfeitos com os jogos e as atuações das equipes. O mais legal é que o público brasileiro está conhecendo esportes que não são tão anunciados na mídia como: hóquei de grama e rugby. O público é muito grande, principalmente pelos estrangeiros, mas os brasileiros não estão deixando a desejar.
Tauana – O Rio está lindo e muito colorido fazendo com que o espírito olímpico floresça ainda mais e torne as competições um marco em todas as modalidades. A organização e o funcionamento ainda não estão perfeitos, mas buscam melhorar o que está errado e é isso o importante.
Lidiane – Acredito que estão evoluindo bem. As pessoas estão gostando das competições e torcendo junto.
O que mais chamou a atenção durante esta primeira semana? Por quê?
Luana – Com certeza a paixão do público pelos jogos. Eles são fiéis e superanimados, amam demais suas equipes. São animados e engraçados, interagem demais com a gente e tudo vira festa.
Tauana – A quantidade de turistas estrangeiros, os quais são muito simpáticos, atenciosos, e que gostam muito do Brasil. Por onde eu passe, onde eu esteja, há estrangeiros. O mundo todo é o Rio de Janeiro durante a Olimpíada e estou podendo sentir melhor isso aqui.
Lidiane – Acredito que a quantidade de pessoas assistindo aos jogos. Faltou um pouco de preparo para evitar filas e isso chateou um pouco os espectadores.