Durante a madrugada de ontem, incêndio atingiu um aviário em Linha Alto Tigrinho. O Corpo de Bombeiros de Lajeado foi chamado às 4h10min e chegou ao local uma hora depois, quando as chamas tinham destruído todo o complexo de 1,5 mil metros quadrados. Foram usados cinco mil litros de água para o rescaldo.
As 23,2 mil aves alojados na segunda-feira morreram queimadas. Os animais seriam abatidos em 32 dias, quando o peso de cada um atinge uma média de 1,5 quilo. A causa do incêndio não foi identificada pelos bombeiros.
Conforme o produtor Paulo Wessel, em 23 anos de atividade, esta é a segunda vez que acontecem prejuízos em virtude do fogo. “Na primeira vez, começou na queima de penas e conseguimos controlar. Dessa vez, não tivemos a mesma sorte.”
De acordo com a mulher Isolde, no interior da estrutura, estavam espalhados 150 metros de maravalha, além de madeira, para ser queimada em oito tornéis e aquecer os frangos com quatro dias de vida. “Pode ter sido uma fagulha ou problema elétrico. Os fornos estavam bem vetados, mas como o prédio está localizado na parte alta onde pega bastante vento, qualquer faísca pode originar um incêndio.”
Um levantamento inicial aponta para um prejuízo de R$ 600 mil. O seguro cobre R$ 200 mil. “O resto preciso pagar do bolso caso resolva reconstruir.” O aviário foi construído há oito anos. A última parcela do valor financiado, R$ 13 mil, vence em janeiro de 2017. Na propriedade, está instalada outra estrutura onde estão alojadas 15 mil aves, além de três chiqueiros com capacidade de receber 2,1 mil animais.
Todas as estruturas estão asseguradas. Por ano, o valor investido ultrapassa R$ 13 mil. Os casos de incêndio em aviários são recorrentes na região. Em dez meses, é o terceiro registrado. O último sinistro aconteceu em Capitão, na madrugada do dia 6 de junho, quando metade de um pavilhão foi queimada. Toda a produção, de 15 mil aves, foi perdida. Ninguém ficou ferido.
“Qualquer descuido pode ser fatal”
O técnico de uma empresa especializada na venda de equipamentos para aves e suínos, de Lajeado, Gilberto Franz, destaca os cuidados a serem adotados para evitar esse tipo de prejuízo em aviários.
Recomenda uma revisão na caldeira e nos tubos por onde é conduzido o calor. Segundo ele, é preciso saber dimensionar o tamanho do forno a ser instalado para aquecer as aves. Desaconselha a armazenagem de lenha ao lado do aviário ou no seu interior. “Muitos ainda colocam tonéis para queimar a madeira. Num ambiente seco e quente, com penas, maravalha e plástico, itens altamente inflamáveis, qualquer fagulha pode resultar em incêndio.”
Franz é favorável à instalação de um Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio (PPCI), principalmente em aviários e chiqueiros. “O que num primeiro momento é um custo, pode ser um grande benefício no futuro. É um patrimônio muito valioso para deixar desprotegido.”
Aconselha também a busca por um plano de seguro, contra incêndios e temporais, cada vez mais frequentes nos últimos anos.
Procura aumenta 40%
Para dar continuidade à produção em caso de sinistro (incêndio, temporal ou vendaval), a busca por planos de seguro aumenta. As modalidades oferecidas contemplam criações de aves, suínos ou até mesmo toda propriedade. Conforme o corretor Rogério Lourenço, de Lajeado, os valores cobrados variam de acordo com a atividade. Os mais procurados são para a avicultura, em que as perdas verificadas são mais recorrentes, devido à vulnerabilidade da estrutura em caso de vendaval, granizo ou mesmo incêndio. O valor mínimo é de R$ 1,5 mil. Em caso de sinistro, o produtor recebe até R$ 180 mil.
Na suinocultura, o valor mínimo é de R$ 800. O valor é menor tendo em vista a estrutura ser reforçada e a pequena quantidade de sinistros registrados. Ainda existe a modalidade porteira fechada, em que o plano cobre todo patrimônio construído. “As vendas aumentaram 40% no último ano. Somente em outubro de 2015, tivemos mais de mil registros com danos por causa do granizo. Sem seguro, muitos teriam desistido da atividade ou até mesmo precisariam vender a propriedade para cobrir as dívidas.”