Os produtores de tabaco aceleram o preparo do solo e o cuidado com as mudas. Apesar de uma queda de 24% na produtividade, comparado com o ciclo anterior, devido ao excesso de chuvas e temporais de granizo, o preço ficou acima da expectativa causando euforia no campo.
Conforme o gerente técnico da Afubra, Paulo Vicente Ogliari, em alguns casos, o valor pago por arroba alcançou R$ 180. A média recebida por quilo da variedade virgínia foi 38% maior em comparação com a safra anterior. De R$ 8,63, saltou para R$ 10,04. “É direito do produtor escolher, mas é preciso cautela na hora de expandir.” A entidade projeta um aumento inicial de 3% na área cultivada neste ciclo.
A previsão inicial era de colher 697 mil toneladas, mas o volume caiu para 550 mil toneladas. Com a atuação do fenômeno La Niña, quando o volume de chuvas é menor, Ogliari recomenda ao produtor manter a mesma área ou até reduzir para apostar em outras culturas a fim de diversificar a renda. “Em safra normal, teremos 150 mil toneladas a mais no mercado. Imagina com um novo aumento de área. Isso resulta em mais rigidez na esteira e preço menor.”
Para Ogliari, a boa cotação da soja e do milho diminui a oferta de terras para expandir a fumicultura em muitos municípios. A idade avançada e a exigência de carteira assinada na hora de contratar diaristas também influenciam. “O ideal é trabalhar em família e diversificar.”
A colheita em países como EUA e África também pode alterar o cenário mundial. O presidente da Afubra, Benício Albano Werner, disse que é preciso produzir menos tabaco. Além de manter o equilíbrio entre oferta e demanda, mantém o preço justo e a permanência na atividade.
Na região, alguns produtores já iniciaram o transplante das mudas. O processo se intensifica em setembro. Em relação a anos anteriores, muitos produtores anteciparam o plantio devido à previsão de temperaturas mais elevadas em novembro e dezembro. “Ajuda a preservar a qualidade das folhas. Resta torcer para não termos ocorrência de geadas tardias.”
Plantio retomado
Volnei Hepp, 33, de Forquetinha, deixou o emprego de pedreiro na cidade para voltar a cultivar fumo. Enquanto cuida dos canteiros no sistema float, onde estão semeadas as 20 mil mudas, cujo transplante inicia em setembro, prepara a terra com auxílio de uma junta de bois.
Calcula uma despesa média de R$ 4 mil com insumos. O plantio de tabaco é justificado pelo retorno obtido por hectare e a inviabilidade de cultivar soja ou milho. “As terras são íngremes e não tem como trabalhar com máquinas. O tabaco é uma das únicas alternativas viáveis. Preciso de pouca área e garante boa lucratividade.”
Hepp projeta colher até 180 arrobas neste ciclo. Com pouca oferta de mão de obra, as mudas foram semeadas em dias diferentes para que a colheita possa ser feita de forma gradual mais adiante.
Mais qualidade
Cledoir da Rosa, de Venâncio Aires, manterá o cultivo de 400 mil pés, plantados em parceria com outras cinco famílias. Apesar do prejuízo provocado pela chuva de granizo, o resultado foi satisfatório. A média obtida por arroba foi de R$ 150. “Não vamos ampliar, até porque não dispomos de mão de obra, estrutura física e terras para isso. Priorizaremos a qualidade, caso tivermos excesso de produção, será um diferencial na hora de negociar.”