Após 17 anos de negociações, Brasil e Estados Unidos formalizaram acordo para comercialização de carne in natura. Os embarques devem começar em 90 dias, com a finalização dos trâmites administrativos.
Chamada de “equivalência dos controles oficiais de carne bovina”, a oficialização permite a compra e venda de carne bovina entre os dois países. Segundo o ministro Blairo Maggi, boa parte do mercado internacional se abre com esse acordo. “O status sanitário nosso é igual ao deles, um dos mais exigentes do mundo.”
Os ganhos com exportações devem se ampliar em US$ 900 milhões. De acordo com o Mapa, os frigoríficos brasileiros terão uma cota de até 64,8 mil toneladas por ano de carne fresca e congelada para exportar aos Estados Unidos.
Maggi destaca que as indústrias brasileiras ainda terão a oportunidade de disputar uma cota extra de 65 mil toneladas anuais com outros países. “Nosso preço é mais competitivo. Em breve seremos líder entre os concorrentes, que chegam a cobrar até três vezes mais pelo produto ofertado”, projeta.
As negociações iniciaram em 1999. O Brasil já vende carne bovina industrializada para os EUA. Em 2015, de acordo com dados do governo, as exportações somaram US$ 286,8 milhões.
Qualidade diferenciada
Conforme o presidente do Sindicato das Indústrias da Carne do RS, Ronei Lauxen, ainda que seja precipitado apontar qual será a participação da carne gaúcha no volume a ser exportado aos norte-americanos, a matéria-prima local ganhará destaque pela qualidade.
Lauxen diz que a meta é buscar acordos com outros países como Canadá, México e Japão. “Significa novo fôlego ao setor, abalado pela crise econômica e queda de 20% no consumo de carne bovina pelo mercado interno nos primeiros seis meses do ano.”
No RS, dois frigoríficos estão entre as possíveis plantas habilitadas a iniciar a venda. Uma delas é do grupo Marfrig, com estruturas em funcionamento em São Sepé, Alegrete e São Gabriel, além do frigorífico Silva, instalado em Santa Maria.
Por ano, são abatidas mais de 1,8 milhão de cabeças, em 300 plantas, cuja produção é de 420 mil toneladas. Desse montante, apenas 20% é exportado, sendo a maioria carne enlatada. “In natura vendemos apenas 30 mil toneladas por ano.”
O RS já vem avançando no mercado internacional. De acordo com dados da FEE, a exportação de carne bovina cresceu 81,7% em valor no primeiro semestre deste ano, movimentando US$ 18,9 milhões.