Representantes do movimento O Sul é o Meu País se reuniram na sexta-feira, 26, para criar a comissão municipal do grupo separatista. Eles serão responsáveis por organizar a consulta informal sobre a separação do RS, Santa Catarina e Paraná do restante do Brasil.
De acordo com o presidente da comissão, Luiz Ricardo Rückert, o movimento organiza uma campanha de divulgação para o plebiscito informal, marcado para o dia 1o de outubro. Segundo ele, além da propaganda boca a boca, também serão distribuídos panfletos explicando as intenções do grupo.
Conforme Rückert, a principal motivação dos integrantes do movimento é a disparidade tributária entre os estados do sul e os demais. Cita como exemplo o caso do RS, que, segundo o movimento, recebe de volta uma pequena parcela do total gerado em tributos para a União.
“É uma diferença absurda. Se esse dinheiro ficasse aqui, não estaríamos em uma crise tão grande”, alega. De acordo com o presidente da comissão, o movimento buscou todo o amparo legal necessário para o processo de separação, seguindo as normas determinadas pela Organização das Nações Unidas.
Segundo Rückert, a consulta à população é o primeiro passo para alcançar a autonomia dos três estados. A intenção do movimento é recolher a opinião de, pelo menos, dois milhões de pessoas. De acordo com o grupo, representantes de 21 municípios do Vale organizam a enquete.
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Justiça questiona
A direção do O Sul é o Meu País pretendia realizar a votação no dia 2 de outubro, mesma data em que ocorrem as eleições municipais. Porém, uma manifestação contrária do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) obrigou o movimento a antecipar a consulta em um dia.
A Justiça também recomendou alterações no nome da enquete, logotipia e na disposição das urnas. Na sexta-feira, 26, o presidente do TRE-SC, Cesar Augusto Mimoso Abreu, ameaçou apresentar denúncia contra o movimento ao Ministério Público Federal, Estadual e para a Polícia Federal.
Na interpretação do TRE-SC, caso as mudanças não ocorressem, a consulta pública poderia ser considerada crime contra a segurança nacional, contra a ordem política e social. Conforme a Justiça, a separação dos estados também fere o artigo 1º da Constituição.
Grupos diferentes
Para Luiz Ricardo Rückert, existem muitas dúvidas acerca do movimento devido a um grupo separatista liderado pelo político santa-cruzense Irton Marx que alcançou popularidade nos anos 90. Segundo ele, apesar de também buscar a autonomia dos três estados, os movimentos são distintos.
“Irton Marx defendia a segregação racial. Nosso processo está baseado unicamente em questões econômicas e tributárias”, assegura. Conforme Rückert, o grupo atual tem representantes de todas as etnias e é contra qualquer tipo de discriminação.