A implantação de uma turma do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (Neeja), no presídio estadual, trouxe a possibilidade de 18 detentos retomarem os estudos e receberem certificação do Estado. As aulas ocorrem à tarde e permitem aos alunos manter atividades profissionais durante a manhã. Uma solenidade, na manhã de ontem, marcou o lançamento da iniciativa.
O município é o segundo a receber uma turma do Neeja Prisional na região. Desde maio de 2015, o Presídio Estadual de Lajeado mantém o projeto. Em janeiro, 20 detentos receberam o certificado de conclusão dos ensinos Fundamental e Médio. A medida implantada em Arroio do Meio é considerada uma extensão da existente no município vizinho, segundo o diretor do Neeja, Adalberto Koch.
Ele destaca a dinâmica adotada durante o curso. As aulas ocorrem em quatro dias da semana e a formação ocorre por módulos. Cada um dura um mês. Serão abordadas áreas como Ciências Humanas, Matemática, Linguagem e Ciências Naturais. Pela participação, a cada 12 horas de estudo concluídas, os detentos recebem a redução de um dia na pena prevista.
Na avaliação da diretora do presídio de Arroio do Meio, Andréia Pires, o início das aulas marca um novo momento para a rotina da unidade. Ela destaca a qualificação do serviço, com o atendimento da demanda por educação. Cerca de 50 homens cumprem pena no município.
Oportunidade de ressocialização
Durante o evento, os presidentes dos Conselhos das Comunidades Carcerárias de Lajeado, Miguel Feldens, e Arroio do Meio, Márcia Lorenzon, ressaltaram a participação para viabilizar o projeto. Nele, devem atuar quatro professores, além de uma secretária e direção.
Há cerca de oitos meses, as sessões mantidas por uma voluntária haviam sido suspensas por falta de alunos. Como não havia certificação, afirma Márcia, muitos desistiam de participar dos encontros. O modelo funcionava há dois anos.
Antes de buscar a implantação, reuniões foram feitas para identificar demandas e perfil dos participantes da iniciativa. No município, o grupo é composto por 30 voluntários.
Assim como eles, o juiz da Comarca de Arroio do Meio João Regert elogiou a implantação da turma do Neeja Prisional no município. Ele salientou a importância da educação na ressocialização dos detentos. “Esperamos que vocês não precisem voltar para este local e este estudo possa colaborar com isso.”
“Estamos tentando corrigir um erro”
A coordenadora-adjunta da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (3ª CRE) , Greicy Weschenfelder, enfatizou o papel do estudo na formação social. Na avaliação dela, a expansão do modelo de ensino supera a obrigatoriedade e possibilita aos participantes uma chance de mudar seu contexto social. “Estamos tentando corrigir um erro de várias instituições e da sociedade. É muito mais que um direito, é uma oportunidade de vida.”
De acordo com ela, o projeto tende a seguir os bons resultados verificados em Lajeado e tem papel fundamental na mudança social. A educadora ressaltou a qualidade da equipe destinada para atuar na iniciativa e a união comunitária e dos diferentes órgãos públicos para viabilizar o programa.