Federação alerta para dívidas dos hospitais

Vale do Taquari

Federação alerta para dívidas dos hospitais

Entidades filantrópicas, beneficentes e Santas Casas têm mais de R$ 1 bi a receber

Federação alerta para dívidas dos hospitais
Vale do Taquari

Os 245 hospitais do RS somam um déficit superior a R$ 1 bilhão. O motivo são os atrasos nos repasses pelo Governo do Estado e a defasagem da tabela do SUS paga pela União.

Na região, o Hospital Ouro Branco (HOB), de Teutônia, tem um rombo de R$ 223,5 mil por mês. Em Lajeado, o Hospital Bruno Born (HBB), desde 2011 até junho de 2016, acumula R$ 79 milhões de déficit na tabela do SUS e R$ 26 milhões em dívidas bancárias. Diante da situação, 50 instituições, incluindo o HBB, irão ajuizar, no dia 15, uma ação contra a União.

A tentativa pretende reaver o equilíbrio financeiro das instituições e faz parte das ações programadas durante o Mês da Misericórdia. A mobilização da Federação dos Hospitais Beneficentes, Filantrópicos e Santas Casas pede misericórdia aos governos estadual e federal diante da situação financeira que se encontram.

Uma das atividades ocorreu ontem. Funcionários do HBB e HOB usaram uma fita preta no braço simbolizando o luto pela saúde pública. Durante a manhã, na sala de reuniões do HOB, o presidente da federação e diretor do hospital, André Lagemann, apresentou dados sobre a crise na área, sugeriu soluções e anunciou o cronograma de atividades para chamar atenção do poder público.

Segundo ele, as dívidas acumuladas pelos hospitais são referentes aos 18 programas criados para atender necessidades específicas como saúde mental, drogadição, maternidade, otorrinolaringologia e ortopedia. Para cumprir com o compromisso, as instituições aplicaram recursos em infraestrutura e contratação de profissionais. A defasagem da tabela do SUS é outro problema. Faz 12 anos que os valores não são atualizados. O repasse dos recursos do Incentivo Hospitalar (Ihosp), que cobria parte dos valores, foi suspenso no ano passado e não há previsão de retomada.

A federação exige o pagamento dos débitos, cronograma de pagamento e retomada do co-financiamento no montante emergencial de R$ 150 milhões para este semestre.

foto tabela federaçãoHOB parcela salários

O HBO ampliou investimentos para melhoria na infraestrutura. No entanto, a falta de pagamentos dos governos obrigou a uma revisão dos custos. Os manejos financeiros do governo geraram rombo de R$ 223, 5 mil por mês. Desse montante, foram perdidos R$ 82,5 mil do Ihosp e R$ 85 mil suspensos pelo Ministério da Saúde.

Para complicar mais a situação, o Estado cobra multa de R$ 56 mil por não fazer 20,4 mil atendimentos mensais. A direção alega que não alcança a cota devido ao corte e atraso de repasses. Toda turbulência obriga a direção a renegociar dívidas todos os dias com os fornecedores. Durante dois meses, os salários dos funcionários foram parcelados.

A redução no horário de atendimento ou fechamento da farmácia 24 horas é a medida emergencial cogitada. O reforço clínico, médicos em sobreaviso e demissões são o segundo passo para cortar custos e manter as portas abertas.

Hoje, dos 99 leitos, 79 são ocupados por pacientes pelo SUS. Por dia, mantém 52 pessoas, contando com a sala de observação.

A instituição busca o apoio das prefeituras conveniadas e o reforço da Campanha Mãos Dadas com a Saúde. Segundo diretor do HOB, é uma forma de amenizar o déficit mensal. Por meio de desconto na energia elétrica da rede Certel, o contribuinte pode doar a partir de R$ 10. Dos 16 mil associados, 1.758 colaboram com o hospital. Em 12 anos de campanha foram arrecadados R$ 700 mil.

A iniciativa popular por meio de eventos foi outra medida para garantir recursos. Desde janeiro foram gerados R$ 92.298,65.

[bloco 1]

Defasagem impacta finanças

No Hospital Bruno Born (HBB), o diretor executivo do HBB, Cristiano Dickel expôs aos colaboradores a situação financeira da casa de saúde. O diretor destacou que um dos principais problemas é a defasagem da tabela do SUS.

O HBB, desde 2011 até junho de 2016 acumula R$ 79 milhões de déficit na tabela do SUS e R$ 26 milhões em dívidas bancárias, cujos empréstimos são necessários para que o hospital mantenha os procedimentos. O HBB utiliza entre 3 e 4 milhões em cheque especial. A crise impactou em demissões, nos últimos meses, e os salários foram congelados.

Acompanhe
nossas
redes sociais