Levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) traça perfil dos eleitores. No Vale são mais de 243 mil eleitores. Os dados apontam crescimento do eleitorado nas maiores cidades da região e prevalece um publico mais velho. Os jovens, seguem tendência nacional, e se distanciam das urnas. Quanto ao gênero, as mulheres são maioria, mas em algumas cidades da região a situação se inverte e são os homens que dominam as estatísticas.
As quatro maiores cidades do Vale apresentaram um crescimento de pouco mais de 1%, no número de eleitores, desde 2014. No mesmo período, Arroio do Meio, registrou uma queda de – 0,92%. O município perdeu 1.133 votantes. Nas cidades com menos de 10 mil habitantes, a redução é verificada em Ilópolis, Nova Bréscia, Paverama e Travesseiro. As outras cidades registraram pequeno crescimento.
Os dados mostram que o maior número de votantes está na faixa etária entre 30 e 50 anos. Para o cientista político, Marcelo Suano, isso não significa que esta parcela está madura, mas é mais ativa, engajada e disposta a buscar mudanças.
Enquanto isso, os jovens de 16 a 20 anos correspondem pela menor parcela de eleitores. O índice está abaixo das pessoas acima dos 70 anos. Suano afirma que esse aspecto é resultado do desencanto e da falta de formação da juventude com assuntos ligados a política.
Conforme ele, mesmo que essa parcela da população receba um número grande de informações, todas abordam como a política está contaminada. “Se compararmos a situação de crise que estamos passando, com o mesmo período do impeachment do Collor, a juventude esteve muito mais engajada naquele evento.”
Ele explica que hoje os jovens são mais pragmáticos e estão preocupados com as ações que possam dar resultado imediato para necessidades particulares. “Eles consideram que os temas ligados a política não podem ser resolvidos com o poder de alcance deles e, por isso, existe este desencanto.”
Gênero
As mulheres correspondem por mais de 50% do eleitorado. Na região, as cinco maiores cidades apresentam essa natureza. Mas cidades como Boqueirão do Leão, Dois Lajeados, Nova Bréscia, Anta Gorda, Capitão, Canudos do Vale, entre outras são os homens que correspondem por mais de 50% do publico votante.
Segundo Suano, é comum encontrar este predomínio no interior. Nestes locais a mulher não tem uma relação de igualdade com os homens. Ele aponta que nas capitais e, cidades de porte maior, essa realidade ganha um contexto diferente e as mulheres exercem um papel de autonomia.
“No interior a mulher vive distante da política. A cultura determina que esse não é um espaço que pode ser ocupado por ela. Mas esse contexto precisa mudar.”
Escolaridade
O índice de pessoas com ensino fundamental incompleto domina o Vale do Taquari. Essa natureza segue o cenário nacional. No Brasil, 28,5% dos eleitores foram enquadrados neste grau de instrução.
Em algumas cidades do Vale, com menos de 10 mil habitantes, ultrapassa os 54%. Entre as cinco maiores, Lajeado chega a 31%, Estrela 36,8%, Teutônia 43,4%, Encantado 41,5% e em Arroio do Meio 39,2%.
Para Suano, isso não quer dizer que estas pessoas estão despreparadas ou desinstruídas para exercer seu papel nas urnas. “Ter instrução não significa ser sábio”. De acordo com ele, mesmo com nível baixo de escolaridade esse público tem capacidade de entender e avaliar para tomar decisões.
“Existem três diferenças: a instrução, inteligência e sabedoria. O cidadão pode não ter instrução, mas pode ser inteligente e sábio para definir o que é positivo ou não para trazer melhorias para sua realidade.”
O imbróglio que envolve a situação está ligado a manipulação da massa. Segundo ele, há situações que políticos utilizam argumentos capazes de persuadir os eleitores. A falta de conhecimento pode induzir o indivíduo. “Mas não é isso que determina as péssimas escolhas. Nosso sistema está articulado para eleger o que tem de pior.”