Os mais de 30 mil fiéis estão em festa com o aniversário de 135 anos da Paróquia Santo Inácio de Loyola. As comemorações iniciaram durante a semana e encerram neste domingo, com missa e almoço.
Para marcar o aniversário da paróquia e do padroeiro, comemorado neste domingo, na terça-feira foi iniciado um tríduo com realização de missas. “Foi uma oportunidade para as pessoas conhecerem nosso padroeiro, sua história, o que ele significa e a importância para a igreja. Um momento espiritual de oração e reflexão,” define o padre Antônio Puhl.
Nos 18 anos à frente da maior paróquia católica da região, o religioso lidera um novo e ousado projeto. Após o restauro da Igreja Matriz em 2011, arrecada recursos para construir uma casa paroquial e reformar o salão centenário. Prevê um custo de R$ 2 milhões. Para angariar fundos, serão organizados eventos, rifas e bingos. Também serão aceitas doações. O projeto arquitetônico foi apresentado ao Conselho Pastoral e aos sócios durante a semana. As obras devem iniciar em setembro.
Como desafio, Puhl cita a necessidade de as pessoas repensarem suas atitudes diante de um mundo consumista e cada vez mais secular. Muitos comparam a igreja a um mercado, uma farmácia, shopping ou hospital, local frequentado apenas quando entendem ser necessário, aponta.
Para ele, é preciso recuperar aqueles que foram batizados e não vivem o dia a dia da comunidade, não são discípulos e nem frequentadores assíduos. “Se dizem católicos, mas não são praticantes. Nós termos uma boa frequência, mas poderia ser melhor”, analisa.
Segundo o sacerdote, a prática religiosa não é medida pela frequência, mas pelo discipulado, pelas atitudes que se aprende na igreja e praticadas no dia a dia. “Não queremos encher os bancos da igreja. Buscamos fornecer o alimento, ser o sal e o fermento, a luz para despertar nas pessoas a fé e ajudar a transformar a sociedade.”
Puhl diz que hoje a igreja vive uma grande crise vocacional. “Nossos seminários estão vazios. Temos apenas um estudante que daqui a cinco anos será ordenado padre.” Essa carência de padres, verificada principalmente no RS e em Santa Catarina faz os leigos assumirem responsabilidades antes apenas designadas aos sacerdotes. “Priorizamos a formação de diáconos e ministros.”
Na paróquia, são em torno de 70 ministros a auxiliar os dois padres nas missas, enterros e demais trabalhos nas comunidades. Por mês, são rezadas 56 missas e mais de 40 batizados.
Vinte e dois anos de dedicação
A coordenadora de catequese, Vera Regina Drechler, 62, é uma das pessoas mais conhecidas nas comunidades. Durante estes 22 anos de atuação no cargo, trabalhou com uma média de 20 mil famílias.
Após atuar durante quatro anos como catequista, recebeu o convite para assumir o cargo do então padre americano John Mazzei. Em um primeiro momento, recusou a proposta, mas, após um pouco de insistência, começou a trabalhar em 1º de março de 1993. “Assumi com preocupação tendo em vista a grande responsabilidade que o cargo exigia.”
Entre os fatos marcantes, destaca a missão realizada durante 15 dias em Mato Grosso, na comunidade Irmã Missionária. Acompanhou o padre em visitas e reza de missas às famílias pelo interior, sendo a maioria delas oriundas do RS. “Foi minha maior e mais significante experiência de fé. A devoção do povo me calou, pois em meio a tantas dificuldades não se intimidavam em percorrer longas distâncias para celebrar. Aqui temos tudo tão fácil e perto e inventamos desculpas para nos isentar de responsabilidades e compromissos.”
Nesta semana, concretizou mais um sonho. Recebeu a carteirinha de ministra. “Na prática eu já era, mas faltava oficializar.” Se diz uma pessoa feliz, abençoada e realizada no desempenho da sua missão dentro da igreja, confiada por Deus.
Um pouco da história
Conforme o historiador José Alfredo Schierholt, em 1878, inicia-se a construção da primeira capela, com verbas da comunidade, em terras doados por Fialho de Vargas. No dia 31 de julho de 1881, ocorre a instalação solene. Santo Inácio de Loyola, fundador da Ordem dos Jesuítas, foi escolhido o padroeiro.
Os missionários jesuítas foram os primeiros a visitar a antiga Colônia dos Conventos. Na sexta-feira de 9 de novembro de 1860, o padre Miguel José Kellner fez a primeira visita a Lajeado. De cavalo, veio de São José do Hortêncio, de onde vários paroquianos tinham migrado para o Vale do Taquari. “Hospedou-se no sobrado de Vargas, local onde rezou a primeira missa e realizou três batizados.”
O padre Eugênio Steinhart foi o primeiro administrador e o sacerdote Gustavo Locher foi nomeado como primeiro vigário paroquial. Atuou em Lajeado entre 2 de novembro de 1883 e 14 de dezembro de 1884. Com a estrutura pequena para atender a grande quantidade de fiéis, entre os anos de 1900 e 1903, a capela deu lugar à igreja com duas torres laterais.
No dia 13 de janeiro de 1953, um incêndio destruiu o prédio, restando apenas os sinos. A reconstrução foi concluída cinco anos depois, sendo inaugurada a terceira e atual igreja em 19 de abril de 1958, com auxílio da comunidade. Na época, as duas torres laterais foram substituídas por uma central e dois torrões laterais.
Em 2011 foi finalizada a restauração do prédio. As missas foram retomadas no dia 5 de abril, com apresentação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa).
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Em números
A paróquia é composta por 20 comunidades e um contingente de 30 mil fiéis, sendo cinco mil famílias ligadas à Igreja Matriz no centro. Atuam os padres Antônio Puhl e Lucas Del Osbel. Aos fins de semana, são auxiliados pelo sacerdote José Neumann, de Arroio do Meio, 70 ministros e um diácono. A paróquia emprega sete pessoas.
Por mês, são rezadas 56 missas, média de duas por dia e realizados 40 batizados. Por ano, ocorrem uma média de 70 casamentos, além de 450 crianças receberem os sacramentos da Eucaristia e Crisma.
Quem foi o santo padroeiro
Segunda o livro Grão de Mostarda, Santo Inácio era o padroeiro da Fazenda dos Conventos. A amizade da família de Fialho de Vargas com os padres jesuítas colaborou para a escolha do santo como padroeiro após a fundação da paróquia.
Ele nasceu em 1491, na Espanha. Lutou no exército contra as tropas francesas. Fundou a Companhia de Jesus e emitiu os votos religiosos em 1534, em Montmartre. Foi ordenado sacerdote em 1537 e morreu em 31 de julho de 1556.