Crianças da tribo caingangue terão oportunidade de estudar na própria aldeia ainda neste ano. A 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) encaminhou ao governo gaúcho e ao Conselho Estadual de Educação documentos para criação de uma escola indígena dentro da aldeia Foxá, no bairro Jardim do Cedro, em Lajeado.
O credenciamento atende a demanda dos indígenas. De acordo com o vice-cacique, Setembrino Vergueiro, hoje, os alunos da aldeia estudam em colégios estaduais distantes. Em relação ao transporte, afirma que eles correm perigo ao atravessar a ERS-130 para esperar o ônibus, além de ficarem desprotegidos nos dias de chuva.
Segundo ele, as crianças também não têm acesso a ensinamentos sobre a cultura e o idioma caingangue no currículo escolar. “Assim como os italianos e alemães, também temos o direito de preservar nossa língua e nossos costumes.”
Conforme o vice-cacique, os alunos indígenas ainda enfrentam episódios de bullying nas escolas da cidade. No ano passado, casos de discriminação motivaram pedido no Ministério Público (MP) por mais inclusão cultural na Escola Estadual Manuel Bandeira, que na época abrigava 34 crianças da tribo.
De acordo com Vergueiro, as aulas na aldeia devem começar em setembro, em uma sala de madeira já usada para transmitir ensinamentos sobre a cultura indígena. Serão atendidas crianças de 4 anos até alunos do 9o ano do Ensino Fundamental.
Nova escola
Na semana passada, representantes da Secretaria Estadual de Educação estiveram na aldeia para falar sobre o projeto para a construção de um prédio para abrigar a escola. Conforme o vice-cacique, o colégio está projetado, tem área de construção definida e ficará semelhante às escolas das aldeias de Estrela e Tabaí.
De acordo com o coordenador pedagógico da 3ª CRE, Fábio Luís Mallmann, a projeção é de erguer uma escola com cinco salas de aula, além de banheiro, cozinha e um anfiteatro.
Assessora da Educação Indígena da 3º CRE, Valesca Cristina Pasqualetto ressalta que o início das aulas na aldeia independe da obra.
Bullying
Em junho do ano passado, o cacique da aldeia Foxá, Gregório da Silva, encaminhou ao MP documento criticando o tratamento recebido por crianças da tribo na escola Manuel Bandeira. O texto tinha relatos apresentados em reunião com todas as famílias da tribo.
Na época, meninos da tribo diziam que alguns professores impediam a comunicação entre os indígenas na língua caingangue. Também relataram casos frequentes de bullying praticados por colegas. Conforme o documento, não havia intervenção dos professores contra as discriminações. A situação foi tema de reportagem do Jornal A Hora.