Ausência de lei proíbe remoção de carros

Lajeado

Ausência de lei proíbe remoção de carros

Veículos abandonados em vias públicas motivam projeto em análise no Legislativo

Ausência de lei proíbe remoção de carros
Lajeado

A dona de casa Terezinha Formelo, 62, perdeu a conta de quantos carros abandonados existem no bairro onde mora. Afirma que a maioria dos veículos pertence a vizinhos com os quais mantém boa relação, mas gostaria de ver as ruas livres.

“Se uma pessoa tem um carro velho, empacado, que não serve mais para nada, melhor é recolher”, aponta. Segundo ela, quando deixados na via, os automóveis acumulam lixo, servem para criatório de bichos e ainda podem acumular água parada, tornando-se locais propícios para a proliferação do mosquito da dengue e do zika vírus.

A preocupação de Terezinha é compartilhada por Noeli Martens, 54. Moradora do bairro Bom Pastor, diz existir um grande número de veículos e carcaças abandonadas em vários bairros da cidade. “É normal donos deixarem carros quebrados em frente às casas até o mato tomar conta.”

Um projeto na câmara de vereadores pretende solucionar os problemas causados pelo abandono. De autoria do Executivo, a proposta autoriza o município a remover da via pública veículos que apresentem visível estado de má conservação.

Conforme o texto, o abandono pode ser comprovado se a lataria apresentar sinais evidentes de colisão ou ferrugem, for objeto de vandalismo ou depreciação voluntária, não tiver placa ou identificação no número do chassi ou do motor.

Caso a proposta seja aprovada, a constatação do abandono caberá ao Departamento do Trânsito. O projeto prevê a notificação do proprietário para que ele mesmo providencie a remoção. Se a retirada não ocorrer, o município encaminhará o veículo para depósito.

Os automotores ficarão por até 90 dias no depósito, e só serão entregues aos donos mediante comprovação de propriedade e ao pagamento dos valores equivalentes a diárias e ao serviço de remoção, além da quitação de débitos fiscais, impostos, taxas e multas pendentes.

Passado o prazo de 90 dias, caso ninguém reclame a propriedade do veículo, o mesmo será avaliado e levado para leilão. Moradora do bairro Conventos, Noeli Alves, 52, considera a medida justa. Para ela, as remoções podem evitar que novos casos sejam registrados na cidade.

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Problema recorrente

De acordo com o coordenador do Trânsito, Euclides Rodrigues, as reclamações da população sobre o tema são constantes. Segundo ele, além dos transtornos pela ocupação de espaços disputados para estacionamento, as carcaças ainda se tornam um problema de saúde pública.

Conforme o coordenador, a legislação específica é necessária porque o Código de Trânsito (CTB) não prevê esse tipo de situação. “Só é possível retirar se estiver mal estacionado”, alega. Mesmo carros com IPVA vencido não podem ser recolhidos por não estarem rodando.

“Quando é um carro menor, não tem tanto problema, mas temos casos de carretas que juntam cobras e ratos”, alerta. Para Rodrigues, o problema é ainda maior porque os veículos também atraem crianças que podem se machucar ao brincar com as carcaças. Segundo ele, se a lei estivesse em vigor, ao menos dez carros já estariam recolhidos no município.

O texto chegou a entrar na pauta de votações do Legislativo no dia 12, mas foi retirado para correções e não tem data para ir ao plenário. Conforme Rodrigues, em outros municípios que adotaram a medida, os resultados foram satisfatórios.

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