Reunião em Marau define futuro da greve

Lajeado

Reunião em Marau define futuro da greve

Após quatro dias na Minuano, sindicalistas cogitam ampliar mobilização para BRF

Reunião em Marau define futuro da greve
Lajeado

O resultado da rodada de negócios marcada para a manhã de hoje, em Marau, pode desencadear greve em setores da BRF. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Avícolas e de Alimentação de Lajeado e Região (Stial), Adão Gossmann. Ontem, no terceiro dia de paralisação na Minuano, foi feito um ato em frente à multinacional. Cerca de 1,4 mil trabalhadores participaram, segundo os organizadores.

As tentativas de um acordo para o reajuste da categoria ocorrem desde março. Enquanto sindicalistas pedem a reposição da inflação, 9,8%, empresários oferecem 5,7% imediatos e outros 0,5% em janeiro. Além do encontro de hoje, com a BRF, uma nova rodada de negociações é prevista para amanhã, com a Minuano.

Segundo Gossmann, os valores são considerados baixos e as propostas de representantes das duas empresas estão atreladas pela relação de prestação de serviços entre ambas. O fator, afirma, motivou o manifestação em frente da BRF. “Como as negociações são as mesmas, resolvemos fazer esta mobilização. Dependendo do resultado, teremos greve. Este é um ato é simbólico.”

Em frente da unidade, o grupo usou carros de som e cartazes na tentativa de mobilizar trabalhadores. Representantes também mantinham mobilização em frente à Minuano. A BRF tem cerca de 3,2 mil trabalhadores na unidades, de acordo com estimativa do sindicalista. Com as linhas de produção ligadas à avicultura em férias coletivas, cerca de mil mantêm as atividades no abatedouro de suínos.

Quatro dias de greve

A concentração de trabalhadores em frente à Minuano completa, hoje, o quarto dia. As mobilizações iniciam logo na madrugada, com o uso de carros de som para reunir os trabalhadores. Apesar de não haver registros por perturbação, reclamações quanto a barulho são relatadas por integrantes da Brigada Militar (BM).

Entre o início da mobilização e a tarde de ontem, existe o histórico de duas ocorrências por fato atípico e uma por briga no entorno da concentração.

Segundo a capitã Karine Brum, um dos motivos é a falta de representação das testemunhas. A exigência de apresentação de uma testemunha para esse tipo de caso pelo Ministério Público tem dois anos. “Colegas têm recebido ligações sobre perturbação, mas as pessoas desistem de representar.”

Entre os moradores das proximidades da empresa, também existem percepções divergentes. Mesmo com o início da mobilização na madrugada, a moradora Miriam Fantoni, 56, vê o ato como parte da rotina de um município em desenvolvimento. Faz 30 anos que ela reside a meia quadra da unidade e classifica a ação como uma reivindicação de direitos.

O aposentado Valdir Becker, 59, vê a situação com normalidade. Vizinho da empresa, acompanhou pelo menos quatro greves. “Eles estão certos. Não estão pedindo nada mais que o merecido e a movimentação está dentro do tolerável.”

Pedido negado

A ação de interdito proibitório feita pela Minuano à Justiça foi negada pela 1ª e 2ª Varas Cíveis. O recurso é utilizado para evitar a concretização de ameaças contra o patrimônio. A alegação da empresa era que havia a restrição do acesso à empresa de mercadoria ou funcionários contrários à greve.

Pelas redes sociais, representantes do Stial reclamam da postura adotada durante a mobilização. Em uma das publicações de ontem, acusam dirigentes da Minuano de limitar o uso de transporte para trabalhadores que aderiram à paralisação. Na terça-feira, a queixa era pelo envio de mensagens por celular para oferecer bonificação a quem tivesse trabalhado na segunda-feira e mantivesse a carga horária. De acordo com o registro, também houve a divulgação de vagas de emprego para a unidade. As oportunidades constam nos perfis oficiais da Minuano.

Empresa se posiciona

Desde o início da mobilização, a Companhia Minuano de Alimentos tem restringido os posicionamentos sobre a greve a comunicados oficiais. Ontem, foi emitido o segundo. No documento, a empresa confirma reunião para tratar sobre o reajuste de salários. Destaca dificuldades no setor agropecuário, principalmente o avícola, assim como o andamento das atividades da unidade no município e com a cadeia produtiva.

Confira a Nota

A Companhia Minuano de Alimentos, visando garantir a transparência com seus funcionários e parceiros, vem a público comunicar que já tem agendada reunião de negociação para discutir o Acordo Coletivo com o sindicato da categoria, para reajustamento de salários dos seus empregados. A reunião acontecerá nessa sexta-feira, dia 22 de julho, na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (Stial).

O setor agropecuário, principalmente o avícola, está enfrentando um dos momentos mais difíceis da sua história. A Minuano preocupa-se, não só com o andamento das atividades da sua unidade em Lajeado/RS, mas com uma cadeia de produção que gera renda para milhares de famílias que dependem direta ou indiretamente desse setor.

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