Menino autista permanece sem escola

Teutônia

Menino autista permanece sem escola

Justiça solicita que administração disponha de locomoção até Apae em Lajeado

Teutônia

Audiência transfere ao município a responsabilidade de conduzir menino autista à Apae de Lajeado. A juíza Patrícia Stelmar Netto definiu nessa terça-feira que o Executivo precisará garantir o transporte.

Em abril, a família solicitou via Ministério Público (MP) o afastamento da professora para que o menino continuasse na instituição. O pedido foi negado pela Justiça. A segunda opção foi pedir transporte ao Executivo. Por meio de documento protocolado, assinado pelo prefeito Renato Airton Altmann, o município não dispunha de veículo para a finalidade. A terceirização de um carro para condução seria onerosa. Além disso, alega que Arthur poderia frequentar o educandário na cidade por não ter contato direto com a suposta agressora.

Como último apelo, abriram processo paralelo pleiteando vaga em escola regular. Para a mãe, Karen Vargas, 30, Arthur precisa frequentar alguma instituição de ensino e não pode esperar mais. Desde os 8 anos, o menino deixou de frequentar a Apae de Teutônia. A professora acusada de agressão é coordenadora pedagógica do educandário e no processo declarou que apenas se defendia do aluno.

Karen deixou o trabalho e passou a cuidar do filho em tempo integral. Hoje paga sessões com pedagoga e psicopedagoga, três vezes por semana. “Estamos tentando de várias formas. Isso não pode ficar assim. Tudo ocorreu dentro da Apae, na frente de duas monitoras”, desabafa.

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Autista precisa de atenção especial

A psicopedagoga Rosangela Moraes de Moraes comenta sobre as necessidades de Arthur e a importância de ensino constante.

A Hora – O que é o autismo? Tem cura?

Rosangela Moraes de Moraes – O transtorno do espectro autista se caracteriza por alterações significativas em três eixos do desenvolvimento. São eles: comunicação, interação social e comportamento do indivíduo.

A pessoa nasce com autismo e os primeiros sinais surgem durante os primeiros 36 meses de vida. Porém, esses sinais geralmente são sutis em função do próprio desenvolvimento da criança, no entanto, depois dos 2 anos, são mais visíveis.

Estudos atuais indicam uma forte relação entre o autismo e a hereditariedade, no entanto, as causas ainda não estão claramente identificadas. Sabe-se, porém, que o autismo é mais comum em crianças do sexo masculino e independente da etnia, origem geográfica ou situação socioeconômica.

Pode-se identificar ainda o autismo como uma comorbidade em outras síndromes ou transtornos.

O autismo não tem cura, mas a intervenção precoce e os atendimentos especializados, não só ao indivíduo acometido, mas à sua família e ao ambiente escolar, podem conferir ao mesmo um grau de desenvolvimento mais próximo do que consideramos como típico. Essa intervenção poderá oferecer um prognóstico de vida mais funcional, produtiva e adaptada socialmente.

Para que essa intervenção precoce aconteça, é necessário que, sendo o pediatra o primeiro médico a estabelecer contato com a criança, tenha um olhar mais apurado acerca dos desvios do desenvolvimento manifestados pelo paciente.

Em geral, qual o ritmo de aprendizado de uma criança autista?

Rosangela – O ritmo de aprendizado está diretamente relacionado com as manifestações comportamentais de cada indivíduo. É importante salientar que cada pessoa dentro do transtorno do espectro autista responde de maneira diferente às intervenções feitas. Portanto, não existe um padrão de aprendizagem a seguir, existe, sim, a possibilidade de, por meio de um ensino estruturado, com rotina estabelecida, uso da linguagem alternativa quando necessário e adaptações, tanto na família como na escola, melhorar a qualidade e o aproveitamento no processo de aprendizagem.

Na avaliação de vocês, como é o comportamento do Arthur e quais as demandas dele?

Rosangela – O Arthur está hoje com 10 anos completos e no momento já observamos muitos avanços em seu comportamento e aquisições cognitivas. Como todo o autista, a previsibilidade das atividades ajuda a mantê-lo mais organizado, diminuindo a ansiedade. Todas as mudanças que se fazem necessárias são previamente trabalhadas com o aluno, o que tem contribuído para seu melhor desempenho. Hoje o avanço mais significativo e importante nesses dois anos de atendimento pedagógico e psicopedagógico é a permanência de Arthur sentado e realizando jogos estruturados através do TEACCH. As demandas atuais de Arthur são uma metodologia de aprendizagem estruturada e adaptada às suas necessidades e linguagem alternativa.

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