A comitiva do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, chegou às 10h43min à propriedade do casal Sanges Klafke e Roselene Seidel, em Linha Tangerinas, interior de Venâncio Aires. Foi recebido por líderes regionais e do setor fumageiro.
Em seguida Maggi, acompanhado do casal fez um roteiro para conhecer todas as etapas do ciclo produtivo, desde a formação de mudas, cuidados na hora de aplicar os agrotóxicos, o plantio, a colheita, cura, classificação e venda.
Ao lado dos canteiros comeu duas bergamotas enquanto conversava com representantes do setor. Cercado de produtores e autoridades, dirigiu-se à lavoura onde replantou uma muda em sinal de apoio ao setor. “Vou defender a fumicultura sempre”, afirmou.
Após deixar a lavoura, o produtor Celso Krämer, de Venâncio Aires, destacou a importância econômica e social da fumicultura para a pequena propriedade familiar, com média de cinco hectares. “Temos filhos que se formaram médicos. O dinheiro do curso veio do tabaco.”
O prefeito de Santa Cruz do Sul, Telmo Kirst diz que 52% da arrecadação de ICMS dos cofres públicos provém do setor. “Ao conhecer de perto o processo, o ministro saberá da importância de manter este cultivo.”
Para Iro Schünke, presidente do Sinditabaco, a visita fez o ministro entender o lado social e econômico, essencial para milhares de famílias no campo e na cidade. “Ele, com certeza, ajudará a formatar a posição do governo a ser levada à COP 7, em novembro, na Índia”, afirma.
Segundo Airton Artus, presidente da Câmara Setorial do Tabaco e prefeito de Venâncio Aires, o fato do ministro querer conhecer a cadeia produtiva desde a lavoura até a indústria demonstra a preocupação do governo federal em ajudar o setor, frisou.
No início da tarde, a comitiva liderada pelo ministro da Agricultura visitou a indústria Souza Cruz e a fábrica de cigarros da Philip Morris, em Santa Cruz do Sul.
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“Sem o tabaco, o interior seria um deserto”
Cledoir e Cleci da Rosa, da Linha Mangueirão – interior de Venâncio Aires, cultivaram no último ciclo 400 mil pés de fumo em parceria com outras cinco famílias. Produtores faz 40 anos, destacam que sem o cultivo de tabaco, as comunidades do interior virariam um deserto. “Estas famílias que nos ajudam na lavoura teriam que morar debaixo da ponte. Em áreas pequenas, inexiste outra cultura tão rentável”, afirma Cleci.
Com o lucro obtido, um dos filhos conseguiu cursar uma faculdade de Medicina. O outro retornou à propriedade para dar sequencia ao trabalho depois de três anos. Nada disso seria possível com outras culturas pois a renda é muito baixa. “Nós não teríamos terras, casa ou sequer um automóvel”, resume Cledoir.
O vizinho Clécio Goettens, voltou a cultivar tabaco após atuar 24 anos como marceneiro. Por ciclo são cultivados 100 mil pés em parceria com o filho. Com apenas 11 hectares, diz ser a única cultura viável e lucrativa.
Vani José Gaertner, plantou 50 mil plantas na última safra. Graças ao lucro obtido com a cultura, o único filho, Maicon, permanece na lavoura. “Por hectare o rendimento com o tabaco chega a R$ 15 mil, enquanto o milho alcança apenas R$ 1 mil. Seria possível investir e se manter na propriedade sem o fumo?”, questiona.
“Estou muito surpreso com o que vi e ouvi”
Qual a impressão que o senhor leva do tabaco?
Ministro da Agricultura, Blairo Maggi – Saio daqui surpreso com o que vi e conheci. Vou defender a fumicultura sempre. O ministério da Agricultura é o órgão indicado para tratar sobre este assunto com o produtor rural, independente do tamanho. Nós somos apoiadores da cadeia produtiva do tabaco, tendo em vista sua importância social e econômica. Existe um viés ideológico contra o fumo. Sempre vai haver embates sobre isso dentro do governo, mas nossa inclinação ideológica é diferente do governo anterior.
O que mais chamou atenção?
Maggi – A quantidade de agrotóxicos utilizados durante todo ciclo produtivo. Pelo que me falaram é apenas 1,1 quilos e isso ainda é aplicado nos canteiros, enquanto na lavoura se usa apenas um dessecante e nada mais. Tinham me contado que os produtores tomavam banho com veneno todos os dias.
Diante da situação atual da fumicultura, que tipo de considerações o senhor faz?
Maggi – Nossa preocupação é com a saúde dos produtores, de quem está na propriedade e mexe direto com as plantas. Quanto aos males causados pelo cigarro, isso quem fuma sabe. Não vamos proibir. É um direito. Todos tem o livre arbítrio. Deputados e senadores, representantes aqui do Sul do país defendem muito a atividade. Repito aqui que o ministro da Agricultura e o governo querem entender o segmento. Eu, como produtor rural, reafirmo meu apoio.