Mesmo protegendo a família e o lar, um vendedor responderá por homicídio. Às 18h40min dessa sexta-feira, o morador ouviu a mulher ser abordada na porta de casa em Linha Harmonia Baixa. Receoso e tomado por sentimento de insegurança, pegou a espingarda calibre .22, surpreendeu os criminosos e disparou contra o bandido que o ameaçava com um revólver calibre 38. No embate entre o dono da propriedade e assaltante, o criminoso foi morto.
O homem identificado como Marcos Rossano Sanfelice, 38, morreu no local. O comparsa, Patrick Ritter, 18, foi capturado pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE) no quilômetro 55 da Rota do Sol. Ele portava uma touca ninja, revólver, facão e pertences da família.
Apesar de ter sido vítima, o proprietário responderá por homicídio, mas pode recorrer alegando legítima defesa. Devido ao abalo emocional, o homem relatou que o atual cenário da segurança pública traz dilemas à sociedade. “Não desejo isso para ninguém, mas estamos vivendo entre o bem e o mal.”
Em anos anteriores, o crime mais frequente nas comunidades do interior eram furtos e arrombamentos. Por outro lado, o número de roubos (crime de maior potencial por incluir ameaça à vítima) cresce. Em 2014, foram registrados 18 roubos. No ano seguinte, o número subiu para 24, o equivalente a dois por mês.
Comunidade não deve reagir
Conforme a capitã da Brigada Militar (BM), Carmine Brescovic Fontoura, o morador levou vantagem por estar em outro cômodo da casa. Além disso, ele e a mulher contaram com elemento inesperado no embate. “Essa situação permitiu que o morador tivesse tempo para pegar a arma particular e reagir. No entanto, é preciso deixar claro que o proprietário e sua esposa correram risco de vida, pois os dois assaltantes estavam armados. No caso em específico, tiveram sorte, pois conforme o relato, a arma de um dos assaltantes falhou por duas vezes”.
A recomendação da BM é que a comunidade não reaja, visto que os bandidos andam em maior número, armados e agitados pela ação. Segundo a capitã, a calma deve sobrepor qualquer reação imediata para garantir o bem maior. “Embora ninguém goste de ser assaltado e ter seus pertences furtados, em tal situação, as pessoas precisam manter a calma e ter a consciência de que suas vidas são o bem mais precioso a ser preservado”, pontua.
[bloco 1]
Porte de Arma na Área Rural
Hoje, apenas maiores de 25 anos recebem certificado para porte de arma de fogo. Para isso, devem comprovar que dependem do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar, mediante atestado de bons antecedentes e comprovante de domicílio. A cada três anos, é necessário renovar.
Projeto de lei na Câmara dos Deputados busca modificar o texto, facilitando o acesso aos agricultores. O objetivo da alteração é permitir a segurança em locais onde a guarnição estadual demora a chegar.
Com a mudança na lei, o porte seria liberado para moradores de áreas rurais maiores de 25 anos que comprovem a necessidade para subsistência e defesa pessoal, da família ou do patrimônio. O porte dependerá da apresentação de identidade, comprovante de residência e atestado de bons antecedentes, e terá validade de dez anos.
