A produção de morango é uma das culturas mais prejudicadas com a pouca incidência de sol nas últimas semanas. Mesmo no período de entressafra, a maioria dos produtores começa a colher as primeiras frutas.
No entanto, as madrugadas de intenso sereno e umidade, aliadas à falta de luz solar e calor pela manhã, favorecem o aparecimento de doenças e pragas. As mudas, mantidas do ciclo anterior, recém iniciaram a floração.
A previsão é de que a partir da segunda quinzena de julho a produção melhore. Com a oferta menor, o preço do quilo da fruta no mercado disparou e chega a R$ 30. A situação afeta o bolso do consumidor que paga mais pela fruta e por outros produtos como tortas, rocamboles e trufas, em que a matéria-prima faz parte da receita.
Conforme a gerente-administrativa de uma confeitaria no bairro São Bento, em Lajeado, Michele Aline Frohlich, os pedidos de tortas, rocamboles e trufas foram cancelados pela escassez da fruta. “Entregamos apenas para mercados. Nosso fornecedor traz de Minas Gerais, mas o fruto está feio, sem qualidade e muito caro, R$ 30 o quilo.” Por semana, são processados 50 quilos de morango. Devido ao aumento, o preço das tortas sofreu um acréscimo de R$ 10. A estimativa é de normalizar a situação a partir de agosto, quando inicia a safra no RS.
A empresária Clarice Bechlin, do bairro Universitário, também em Lajeado, compra as frutas de fornecedor que traz de Minas Gerais. Nos últimos três meses, o preço do quilo dobrou.
Por isso, a quantidade utilizada em tortas e demais doces foi reduzida pela metade, média de 80 quilos por mês. Os produtos feitos a partir da fruta tiveram reajuste de 20%. “Não temos como deixar de atender o cliente, mas pelo custo é quase inviável manter a produção.”
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Frio impede crescimento
Conforme o técnico em Agropecuária, Celso Postai, da Emater de Feliz, as plantas estão em repouso devido ao frio, o que impede o crescimento dos frutos. Para tentar agilizar o processo, foi usado um percentual maior de adubo, injetados hormônios e as estufas estão sendo abertas em dias de sol. “Precisa de calor para desenvolver. Estas medidas são paliativas e pouco ajudam.”
Diz que a quantidade normal para esta época do ano é de colher 100 gramas por pé. “Se produz apenas 30 devido às oscilações climáticas.” Como a demanda é maior do que a oferta de frutas, os produtores preferem vender em larga escala para supermercados e distribuidoras, ignorando confeitarias e padarias onde a quantidade processada é menor.
No município, são cultivados 48 hectares, cuja produção alcança 43 mil toneladas em 11 meses ao ano. A bandeja de 250 gramas está cotada a R$ 10.
Menor oferta
A empresa Fraise, localizada em Estrela, mantém oito estufas onde são cultivadas 36 mil mudas de morango. Conforme uma das sócias, Marlove Kartsch, mesmo em período de entressafra, a expectativa era de colher até 200 quilos por semana. Devido às oscilações meteorológicas, a média entregue aos mercados alcança apenas 80 quilos.
Entre o período de floração e a colheita da fruta, o intervalo normal é de 30 dias. Pela ausência de luz solar, esse ciclo leva dois meses. “As plantas estão estagnadas.” Com a escassez, o quilo da fruta está cotado a R$ 25, quando vendido direto na propriedade.
Na safra, o preço oscilou entre R$ 12 e R$ 14. “Dividimos as frutas para conseguir atender a todos os clientes. Eles sabem da dificuldade de produzir, mas precisam da fruta.” Marlove projeta uma melhora a partir do mês de agosto. A meta é produzir 500 quilos por semana na próxima safra, cujo ciclo inicia em setembro e se estende até fevereiro.
Outras oito estufas serão construídas para alojar mais 70 mil mudas.