Campeão da Liga Sul, bicampeão da Copa Lupicínio Rodrigues, campeão da Taça Giruá, bicampeão da Copa dos Vales e quarto colocado da Série Ouro. Quem vê um currículo com tais glórias pode pensar que o detentor desses troféus levou longos anos para conquistá-los. Mero engano. Com apenas dez anos de atuação, a equipe da Associação Lajeado de Futsal (Alaf) conseguiu feitos que outros clubes levam uma vida para alcançar – quando conseguem.
Tantas taças poderiam garantir estabilidade e apoio à equipe, mas a realidade é diferente. Ao completar dez anos de atividade em 2016, a Alaf corre o risco de encerrar as atividades em virtude de problemas financeiros.
“No início deste ano, perdemos alguns patrocinadores importantes que nos ajudavam pagando os salários e outras despesas”, conta o atual presidente da Alaf, Alexandre Heisler. Quase sem dinheiro em caixa, a direção começa a perder alguns atletas, como o pivô Rodrigo Lopes e o ala Pica-Pau. Os jogadores estão há 45 dias sem receber e a comissão técnica, há 75 dias.
Das parceiras remanescentes, lHeisler lembra que o pouco dinheiro que entra é utilizado para quitar empréstimos e custos com viagens. Nos últimos meses, o caixa da Alaf fechou no vermelho. “Estamos com um déficit de R$ 44 mil mensais e temos, muitas vezes, que tirar dinheiro do próprio bolso para honrar nossos compromissos”, relata.
Longe daquilo que idealiza, a equipe tenta manter o nível, pelo menos, até o fim deste ano. Conforme explica o dirigente, caso a Alaf não consiga mais parceiros para seguir lutando na Liga Nacional e na Série Ouro de Futsal, as atividades podem ser encerradas no meio do caminho. “Hoje a nossa realidade é tentar apoio para nos manter como estamos, só que isso é muito pouco diante de tudo o que conquistamos e da infraestrutura que temos para o esporte”, avisa.
Frustração
Indagado sobre a possibilidade de paralisação, o presidente da Alaf afirma estar frustrado. Para ele, a maioria dos empresários que atua na cidade não reconhece a importância do trabalho realizado nos últimos anos. Muitos, segundo ele, preferem patrocinar equipes de outras localidades a apoiar o projeto lajeadense.
Sem perder a esperança, Heisler faz um apelo aos grandes empresários da cidade. “Eles poderiam nos apoiar e descontar de seu Imposto de Renda. Podem encontrar meios, já que hoje tem o ICMS esportivo”.
Enquanto novos horizontes não surgem, a Alaf segue na briga pelo título inédito da Série Ouro de Futsal e por uma vaga entre os classificados à oitava de final da Liga Nacional.
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Projetos sociais podem ser interrompidos
Heisler esclarece que os projetos sociais, que contemplam 140 crianças dos bairros Morro 25 e Olarias, precisam ser mantidos até o fim do ano, em virtude de ser um compromisso firmado com a Administração Municipal de Lajeado. “Infelizmente se tivermos que fechar as portas, essas crianças terão que retornar para as ruas.”
Patrocinadores
O presidente agradece os patrocinadores que apoiam a equipe durante a temporada: governo de Lajeado, Girando Sol, Docile, Sicredi, DMF Esportes, Rambo Materiais de Construção, Univates, Comercial Elétrica São Cristóvão, Andmar, Unimed e Colégio Melinho. Também cita os restaurantes que disponibilizam almoço gratuito aos jogadores: Tombado, Meu Escritório, Ki Delícia, Califórnia, Trevo, Gaúcho, Kikão Lanches, Bom Gosto, Bifão, Zanattas, Guth, Moenda, Beff Hauss, Defronte. Além deles, Heisler agradece o apoio do Bergabus e Hotel Valer.
Crise financeira afeta outras equipes
Tradicional equipe brasileira com quatro títulos da Liga Nacional, o Jaraguá Futsal, de Jaraguá do Sul (SC), iniciou o ano sem perspectiva de disputar as competições previstas para a temporada.
Após campanha de arrecadação de fundos realizada em conjunto com os torcedores, o time deu a volta por cima e continuou com as atividades. Hoje é o sétimo colocado da Liga Nacional e o atual vice-campeão da Libertadores da América de Futsal.
ASTF reduz orçamento
Após ficar na sexta colocação em 2015 na Série Ouro, o torcedor da ASTF viu os principais destaques irem embora no início da temporada. A decisão foi tomada para reduzir o orçamento. “Para mantermos os salários em dia, tivemos que reduzir em mais de 50% nossa folha salarial,” conta o presidente Cláudio Henrique Röhrig.
Ele relata que a maior dificuldade é conseguir patrocinadores. Cita também a dificuldade do governo estadual em aprovar os projetos de lei de incentivo. Rohrig acredita que se a Federação Gaúcha de Futsal não buscar alternativas para mudar o formato da Série Ouro, muitas equipes desistirão da competição. “Hoje temos que arcar com tudo, a única coisa que ganhamos são as bolas,” desabafa.
“[…]se o povo não quer, a gente encerra o ciclo mais cedo.”
Em entrevista, o presidente da Alaf Alexandre Heisler explica a crise que afeta o time de Lajeado, além de pedir apoio da comunidade para manter as atividades.
Jornal A Hora – O que levou a Alaf a chegar nesta situação?
Alexandre Heisler – Fizemos um planejamento em cima de um acordo com várias empresas e, quando fomos fechar o contrato, várias se negaram a continuar com o projeto. Outros fatores foram as várias alterações nos editais do projeto do Pró-esporte. Protocolamos na secretaria e o Governo do Estado está protelando a aprovação. Essa situação vem desde o início de 2015.
A Alaf pode encerrar as atividades no fim da temporada?
Heisler – Se não houver uma participação maior das empresas, se o povo não quer, a gente encerra o ciclo mais cedo. Podemos fechar as portas ainda no meio da temporada. Não sabemos como será o dia de amanhã.
O que a direção pretende fazer?
Heisler – Não sei mais o que fazer, pois já criamos inúmeras campanhas de sócios, promoções de ingressos, parcerias com colégios, parcerias com outras entidades. Sempre fizemos jogos beneficentes em outras comunidades e apenas Arroio do Meio comparece nos nossos jogos.
Vamos agora tentar uma última alternativa. A partir desta semana, lançamos um plano de captação de dinheiro chamado Juntos pela Alaf. Nele, a diretoria e os colaboradores vão procurar empresas, torcedores e demais simpatizantes para ajudar comprando a rifa. O valor será acessível e haverá premiação em dinheiro. Pedimos encarecidamente que as pessoas nos recebam e que tenha uma boa aceitação, pois pode ser uma das últimas tentativas para nos mantermos em atividade.