Segundo dados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a onda de frio registrada entre maio e junho foi a maior dos últimos 40 anos. No entanto, o frio e a chuva darão uma trégua nesta semana.
Conforme o Centro de Informações Hidrometeorológicas da Univates (CIH), em Lajeado, as máximas devem ficar acima dos 20ºC em grande parte dos municípios. Já as mínimas não devem beirar os índices negativos, como no início do mês.
Hoje a chuva segue sobre a Fronteira Oeste, consequência de um sistema de baixa pressão vindo da Argentina e do Uruguai. O resto do estado deve ter tempo bom. Segundo a coordenadora do CIH, Fabiane Gerhard, no Vale do Taquari, o dia começa com temperaturas amenas e bancos de nevoeiro. No decorrer do período, o sol aparece em meio às nuvens. A tarde será agradável.
Para amanhã, ventos de quadrante norte mantêm instabilidades bloqueadas sobre as porções oeste e sul do estado. Ao longo do dia, ocorrem períodos ensolarados e outros de maior nebulosidade. As temperaturas apresentam pouca alteração. “Esse quadro impede que ocorram chuvas e temperaturas mais amenas ou baixas.”
Fabiane destaca que o estado está localizado em latitudes médias, denominadas como fronteira climática, e por isso, “sofremos a influência de diversos sistemas atmosféricos. Sendo muito comum termos períodos com temperaturas mais agradáveis a elevadas em pleno inverno.”
Na quinta e sexta-feira, as temperaturas se elevam mais. Para o fim de semana, há projeção de os termômetros marcarem até 30ºC. Alguns modelos indicam que as instabilidades conseguem avançar sobre o Vale entre o domingo e a segunda-feira, e depois ficam por alguns dias semiestacionárias sobre a região. Para curto prazo, não há indicativo de frio.
Pastagens prejudicadas
A ocorrência de um outono atípico, seguido de uma sequência de semanas de temperaturas muito baixas e de vários dias com formação de geada e períodos prolongados de baixa intensidade solar, trouxe efeitos negativos às pastagens.
Segundo o diretor técnico da Emater/RS, Lino Moura, o campo nativo apresenta aspecto mais fibroso, com redução da taxa de crescimento de forragem e diminuição da qualidade, devido à queda das temperaturas e à formação de geadas em alguns locais, o que provoca o crestamento das pastagens e compromete a sua digestibilidade. “A partir dessa época é importante o fornecimento de sal proteinado aos animais, para suprir a deficiência nutricional, resultante da redução da qualidade das espécies forrageiras do campo nativo”, comenta.
A sequência de dias ensolarados e temperaturas mais elevadas deve beneficiar as pastagens de inverno.
Déficit hídrico
Após quatro anos, meteorologistas projetam a atuação do fenômeno La Niña nos próximos meses, podendo impactar na produção de grãos na safra de verão. Caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, tende a provocar temperaturas mais baixas e menos chuvas na Região Sul, ao contrário do El Niño, que encerra um de seus ciclos mais intensos.
Enquanto o cenário favorece as culturas de inverno, como trigo e cevada, pode representar prejuízos nas lavouras de soja e milho, durante os meses de janeiro e fevereiro, devido à possibilidade de déficit hídrico.
Para reduzir os riscos, o aconselhado é fazer o escalonamento de plantio, usar variedades adaptáveis, monitorar pragas e otimizar a aplicação de insumos, além de fazer a reserva de água nas propriedades para usar na irrigação.