Pinhão está  escasso e caro

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Pinhão está escasso e caro

Com redução de 40% na oferta da semente, a safra terminou dois meses antes do prazo normal. Chuva em excesso durante a primavera e poucas horas de frio no inverno são motivos apontados para justificar a queda. Emater estima colheita de 800 toneladas.

Pinhão está  escasso e caro
Vale do Taquari

Assim como ocorreu nos três últimos anos, a safra de pinhão apresenta queda de até 40% na produção. Iniciada em 15 de abril, a colheita terminou dois meses antes do previsto. A pouca ocorrência de frio durante o inverno e o excesso de chuvas na primavera no ano passado foram os principais motivos para queda.

Se no ciclo anterior foram extraídas em torno de mil toneladas de sementes das araucárias espalhadas pelo estado, a Emater estima que neste sejam comercializadas entre 600 e 800 toneladas.

Com o rendimento menor no campo, o preço foi às alturas. Enquanto o agricultor recebe R$ 5 pelo quilo, no mercado, o valor subiu para R$ 15. No ano passado, o valor era de R$ 3 e o consumidor pagou R$ 6 nos pontos de venda.

Segundo a engenheira florestal da Emater/RS-Ascar, Adelaide Ramos, o declínio na produção faz parte do ciclo natural da planta. “A cada quatro ou cinco anos, o pinheiro tem uma produção vasta, depois a produção vai diminuindo, pois a planta fica exaurida, ou seja, alterna boa produtividade com produções menos intensas”, destaca.

Embora a safra atual apresente boa qualidade, as pinhas e o tamanho das sementes são menores, provocando uma redução entre 30 e 40%, se comparada ao ciclo anterior. Chuva na florada e invernos atípicos afetaram a fecundação e polinização, afirma Adelaide.

A venda é toda informal, feita pelos extrativistas em diferentes mercados locais: à beira da estrada, supermercados, restaurantes e de casa em casa, entre outros. No entanto, a maior parte da produção ainda é comercializada por meio de atravessadores, enfatiza.

De 300 quilos para apenas 20

Faz sete anos, o agricultor Leonir Watte, morador de Paredão Pires, Venâncio Aires, complementa a renda familiar com a venda de pinhões ao preço médio de R$ 3,50 o quilo. São 15 árvores adultas na propriedade de onde retira as sementes de forma manual (com uma taquara e bate na pinha até cair).

Neste ciclo, a produção despencou. De 300 quilos caiu para apenas 20. “Nunca registramos perdas tão elevadas”, destaca. Atribui a queda ao excesso de umidade, pouco frio no inverno e ao ciclo natural das araucárias.

Watte também acumula prejuízos na produção de hortaliças devido ao frio. “As alfaces não crescem, estão miúdas e por isso existe pouca procura.”

Colheita antecipada

Uma portaria do Ibama, publicada em 1976, determina a colheita, transporte e venda da semente a partir da segunda quinzena de abril. O objetivo é possibilitar a maturação total e deixar que os primeiros pinhões sirvam de alimento aos animais silvestres.

Com a mudança do ciclo natural, produtores e órgãos ambientais buscam antecipar a época de colheita. Em Santa Catarina e Paraná, a safra iniciou em 1º de abril.

Cerveja sustentável

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza com a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi), de Santa Catarina, produzirá pelo segundo ano consecutivo a cerveja a partir de pinhão, no estado do Paraná.

Guilherme Karam, coordenador de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário, explica que os produtores que se comprometem a seguir os padrões sustentáveis, como não realizar queimadas nem extrair as pinhas verdes, recebem cerca de 30% a mais pelo quilo do pinhão, além de contribuir para a redução do impacto gerado nas florestas nativas.

Para 2016 serão envasadas 45 mil garrafas, que têm como destino principa os mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e RS. Cerca de 800 quilos de pinhão provenientes do planalto serrano de Santa Catarina serão utilizados na cerveja.


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