Baixa temperatura beneficia parreirais

Vale do Taquari

Baixa temperatura beneficia parreirais

Vinhedos precisam até 400 horas de frio abaixo de 7ºC no ano para estimular dormência

Baixa temperatura beneficia parreirais
Vale do Taquari

A pós amargarem uma queda de até 65% na safra passada, os produtores de uva estão otimistas com a geada que cobre as paisagens. Isso porque as baixas temperaturas propiciam a dormência dos parreirais, que necessitam de até 400 horas de frio abaixo de 7ºC por ano para manter a vitalidade.

Segundo os registros da Embrapa, em 2015, foram registradas apenas 140 horas de frio. Conforme o técnico em Agropecuária da Emater de Dois Lajeados, maior produtor de uvas da região, Jorge Luís Cappellaro, além do clima gélido, considerado ideal para a cultura, a atuação do fenômeno El Niña, com períodos maiores de seca e frio intenso, terá impacto positivo na safra de uva em desenvolvimento. “Calor fora de época, geada, chuvas intensivas e ocorrência de doenças como míldio causaram perdas de 50% no último ciclo.”

Enquanto a oferta de frutas reduziu, o preço pago por quilo duplicou, mantendo a renda das famílias. No caso da uva americana, para a produção de suco, o valor saltou de R$ 0,70 para R$ 1,50. As viníferas chegaram a R$ 3.

Segundo Cappellaro, com os estoques baixos, produtos como vinhos e sucos registram aumento. De R$ 9, o litro saltou para R$ 13, com tendência de novos reajustes, destaca. Em dois Lajeados, são em torno de 200 produtores, cuja área cultivada chega a 550 hectares. “Estimamos uma safra boa, com frutos de qualidade e preços acima da média”, projeta.

De acordo com ele, nos últimos cinco anos, 250 hectares deixaram de cultivados com videiras. Como principais motivos, cita: baixo preço, falta de mão de obra, ataque de doenças nos parreirais e migração para outras atividades como a produção de leite.

Outras culturas beneficiadas com o frio são maçã, figo e pêssego. Já cultivos como hortaliças (pepino, berinjela, tomate e folhosas como alface) foram prejudicados com o frio.

Retomada da produção

Alberto Furlanetto, de Linha Marechal Hermes, Roca Sales, registra prejuízos no parreiral há dois ciclos seguidos. Atribui a baixa produtividade à ausência de frio, aliada ao calor e geadas fora de época, ataque de doenças e chuvas em excesso na fase de floração.

Com 1,8 mil pés cultivados há oito anos, a estimativa era de colher até 20 mil quilos na safra passada. “Colhemos apenas quatro mil. A qualidade ficou comprometida e o valor pago por quilo foi ruim, apenas R$ R$ 0,70.”

As baixas temperaturas das últimas semanas trouxeram novo ânimo ao produtor. O frio intenso faz as folhas caírem e a videira entrar em dormência. Assim, acumula força e vitalidade para atingir o máximo potencial produtivo, argumenta.

Inverno seco e frio

De acordo com a agrometeorologista da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Bernadete Radin, o inverno, que iniciou nessa segunda-feira e se estende até 22 de setembro, será marcado pela atuação do fenômeno La Niña (esfriamento das águas do oceano Pacífico Equatorial) com temperaturas baixas e pouca chuva. Essa condição é benéfica para a cultura do trigo e fruticultura, pois não cria condições favoráveis para o aparecimento de doenças fúngicas e a ocorrência de pragas, esclarece.

Bernadete recomenda aos produtores deixar o solo coberto, para melhorar a absorção das uvas e manter uma boa umidade para a safra de verão.

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