A promessa de assinatura da ordem de reinício dos serviços de asfaltamento entre Sério e Boqueirão do Leão feita pelo secretário dos Transportes, Pedro Westphalen, em visita ao Vale do Taquari, na sexta-feira, foi cumprida ontem pelo governador José Ivo Sartori.
A assinatura ocorreu em Porto Alegre. A Construtora Giovanella ganhou a licitação e inicia os serviços dentro de um prazo de 40 dias. Com o fim do saldo contratual, os trabalhos foram interrompidos em dezembro de 2013.
Segundo Westphalen, ao menos 34 dos 75 municípios sem acesso asfáltico serão contemplados nos próximos meses. Diante das dificuldades financeiras do Estado, para assegurar investimentos, o Daer usa fontes de recurso externas. O Bird financia programas como o Crema e o Restauro, o BNDES, os acessos municipais e a Cide, obras diversas.
Estão em licitação a conservação das regionais com essa demanda pendente e sendo regularizados os acordos para sinalização. “Pode ser que não se iniciem obras e muitas tenham recomeço. As que iniciamos tem fundo de financiamento e empresas que ganharam a licitação com condições de fazer”, disse o secretário.
O RS tem 85% do transporte fundamentado por estradas, mas apenas 10% delas asfaltadas. O custo de produção é 19% mais caro em relação ao país, afirmou Westphalen.
Para amenizar o problema, foi criado um projeto estadual de logística para incentivar o uso de outros modais como hidroviário e aeroportuário, além de parcerias públicas-privadas para construção e conservação de rodovias.
Ontem, durante a solenidade de assinatura, representantes de Sério e Boqueirão do Leão solicitaram a finalização do trecho de quatro quilômetros, entre a comunidade de Sete de Setembro e o perímetro urbano de Sério, também paralisado em 2013.
Economia estagnada
O prefeito de Boqueirão do Leão, Luiz Augusto Schmidt, comemora a retomada das obras. Destaca a importância para desenvolver a economia, atrair novos investimentos e estimular o turismo. “Muitos deixam de visitar os pontos turísticos pela falta de asfalto.”
Com a arrecadação baseada no setor primário, cita a dificuldade de escoar a produção. Sem acesso pavimentado, o valor do frete, dos combustíveis, dos materiais de construção e demais produtos encarece em até 40%. “Todos são prejudicados e a cidade deixa de crescer.”
Schmidt solicitou ao governo estadual a possibilidade de estabelecer uma parceria para iniciar as obras de asfaltamento entre Boqueirão do Leão e Progresso, em um trajeto de 12 quilômetros, pela comunidade de São Roque. O projeto foi elaborado ainda em 2009.
Prazos e qualidade comprometidos
As péssimas condições da via de chão batido influenciam no cumprimento de prazos, valores e qualidade de entrega das mercadorias. Segundo o gerente da filial da Associação Rural de Lajeado (Arla), Maciel Teston, a diferença entre o valor final dos produtos aumenta em até 4%, em relação aos praticados na matriz em Lajeado. “Para a empresa, o custo de entrega aqui encarece em 60%. Muitos fornecedores evitam vender, pois sabem da dificuldade do fornecimento em município sem acesso asfáltico”, explica.
Além do preço mais elevado, a demora na entrega é outro problema enfrentado pelos comerciantes. Na semana passada, o recebimento de uma carga de cimento atrasou em seis horas, pois o caminhão estragou durante o trajeto ainda não pavimentado. “Quem vem uma vez para Boqueirão do Leão dificilmente volta a fazer entregas, pois sabe que vai levar prejuízo”, afirma Teston.
Para o motorista de ônibus Marcelo Marchi, a conclusão do trecho da ERS-421 significaria uma redução de 20 minutos no itinerário até Lajeado. “Quando não tinha nada de asfalto demorava até duas horas e meia para chegar ao destino, isso com muita poeira. Hoje faço em uma hora e 40 minutos.” Outra mudança após a conclusão das obras será a oferta de veículos mais confortáveis aos passageiros. Ter asfalto é sinônimo de progresso e qualidade de vida, argumenta.