Os recorrentes acidentes em trecho da ERS-129 alertam para a necessidade de melhorias na rodovia. O mais recente aconteceu no sábado, no quilômetro 86, e vitimou Bruno Delazari, 18, e Lucas Vidal de Souza, 14.
Eles ocupavam um Vectra e percorriam a estrada durante a noite, em direção a Muçum, onde moravam. Durante o trajeto, perderam o controle, atravessaram a pista e colidiram contra um poste da rede elétrica, próximo ao trevo de acesso ao bairro Fátima. Os corpos foram carbonizados junto com o veículo, o que dificultou a identificação das vítimas, só confirmadas no domingo.
O trecho é conhecido pelos acidentes com morte envolvendo caminhões. Na estimativa do soldado do Batalhão de Polícia Rodoviária da Brigada Militar de Encantado, Tiago Hemming, ocorrências com óbito envolvendo veículos de passeio são raras no local.
Ele salienta o risco de um trecho de 14 quilômetros com as características entre Muçum e Guaporé como o mais crítico. Além do asfalto prejudicado, a geografia acidentada e a incidência de nevoeiros são agravantes. Apesar do panorama, afirma, o ponto onde ocorreu a morte tem sinalização. “É difícil precisar o que houve exatamente, mas é um trecho com muita subida, além de ter partes com pista simples.”
O acidente
Segundo informações dos registros da PRE de Encantado, o acidente aconteceu às 21h15min. O condutor perdeu o controle do veículo e bateu contra um poste, do outro lado da pista. Com a colisão, o poste da rede elétrica caiu, houve a explosão do transformador e o veículo pegou fogo. Os corpos dos adolescentes foram carbonizados. Eles voltavam de Vespasiano Corrêa.
No início de maio, Kalel de Carvalho, 21, também morreu em acidente na ERS-129, em Guaporé. Ele bateu após tentar uma ultrapassagem no quilômetro 137. Além dele, quatro pessoas ficaram feridas.
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Investimento incompatível
Assim como os acidentes, a ERS-129 acumula pedidos para duplicação e alargamento da pista em Muçum e Encantado. No ano passado, as demandas constavam em um estudo desenvolvido e apresentado pela Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT).
De acordo com o diretor da CIC-VT e vice-presidente do Corepe – Trecho 7, Ivandro Rosa, mesmo com a mobilização, a velocidade de execução do planejamento é incompatível com as demandas locais. “Objetivamente não estamos conseguindo atender tudo o que gostaríamos, isso tem sido feito à conta-gotas pela situação do Estado.”
No caso de Muçum, indica, uma das maiores demandas envolvia melhorias na sinalização do acesso ao município, executadas no ano passado. Situação semelhante, de acordo com ele, ocorre em Guaporé.
De acordo com o diretor, um estudo sobre os pontos considerados está sendo desenvolvido pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) desde abril. Entre eles, indica os pontos de serra de Muçum e o perímetro urbano de Guaporé. Segundo Rosa, além do alargamento, em alguns pontos, seria necessário o investimento em uma terceira pista.
Exemplifica a demora na execução com o andamento dos trabalhos desenvolvidos na rótula da ERS-130, em Encantado. “O grande problema é que as obras não estão acontecendo. Não era o que, nem a dinâmica que esperávamos. Sem recursos, o Estado tem priorizado os pontos mais críticos.”
Para ele, o desrespeito aos limites estabelecidos para a via é a principal causa de acidentes na ERS-129. Mesmo com o indicativo, salienta a necessidade da criação de condições favoráveis à segurança dos usuários da pista. Indica a necessidade de melhorias na sinalização e de controladores de velocidade, ambos encaminhados ao Daer.