Amor à  prova de distância

Você

Amor à prova de distância

Neste Dia dos Namorados, muitos apaixonados comemoram longe de seus pares. O namoro a distância tem percalços, por isso, o diálogo, a confiança e a perseverança são importantes para manter o relacionamento saudável

Amor à  prova de distância
Vale do Taquari

A comunicação virtual e a popularização das redes sociais facilitam a preservação dos relacionamentos a distância. Mesmo longe, os casais conseguem encurtar a lonjura ao se comunicar todos os dias. Ciúmes e desconfiança fazem parte das dificuldades enfrentadas, mas é preciso medir os sentimentos. Com a recompensa da companhia, o amor e a força de vontade falam mais alto.

Depois de dois anos de namoro e companheirismo, a chamada para servir ao Exército assustou os namorados Felipe Fucks e Jéssica Mallmann. “Passávamos todos os fins de semana juntos, estávamos acostumados”, conta ela. A primeira vez que o casal se viu foi em uma festa. A identificação foi recíproca e logo trocaram as primeiras palavras.

Depois daquela noite, o contato foi pelo Facebook. Jéssica deu o primeiro passo, enviando um convite de amizade na rede social. Quanto mais conversavam, mais percebiam o quanto tinham em comum. Se conhecer melhor antes de qualquer coisa foi o mais importante. Logo após um mês, Fucks fez o pedido. Queria ser namorado de Jéssica. “Foi rápido, mas eu não tive dúvidas. Aceitei”, relembra.

Em fevereiro deste ano, veio o chamado: Fucks deveria ir para o quartel em São Gabriel. Logo depois da mudança, os namorados ficaram mais de um mês sem se ver. “Foi estranho. Senti muitas saudades”, comenta Jéssica. Hoje, os dois se veem a cada 15 dias, quando Fucks é liberado.

O contato, antes constante, agora ocorre só à noite, via telefone. “Ele não é autorizado a mexer no celular durante o dia”, conta ela. As redes sociais são aliadas do relacionamento a distância. Se não fosse por isso, se falariam ainda menos. No fim de semana, quando Fucks vai à casa de Jéssica, aproveitam para matar a saudade e colocar o papo em dia.

A relação aberta e sincera garante a amenização dos percalços. “É preciso confiança e diálogo, falar para o outro o que pensamos e sentimos.” Da parte de Jéssica, a maior preocupação é se ele está bem e como foram as atividades rotineiras no quartel. O ciúmes faz parte, diz. A família apoia o namoro, enquanto alguns amigos questionam o motivo de continuar o relacionamento a distância. “Mas isso se resolve com conversa”, pondera ela.

Não há receita mágica para fazer o namoro dar certo. A vontade de continuar é o que move. “Quando se gosta de alguém, não importam as dificuldades. Tem que querer.” Segundo Jéssica, não é fácil, mas no final a recompensa do amor vale a pena.

DSC_0445

(SEM LEGENDA)

Agenda programada

Foi em uma festa em São Paulo que João Vieira e Letícia Heisler tiveram o primeiro contato. Ela, de Lajeado. Ele, de Matinhos (PR). Depois de muita conversa, Vieira anotou o telefone de Letícia e garantiu que entraria em contato. Ela duvidou da promessa dele de viajar ao RS para visitá-la. “Eu não acreditei nele.”

Depois de dois dias, a tela do celular de Letícia se acendeu com uma mensagem SMS de Vieira. Ele perguntava quando poderia vir. Combinaram uma data, ele comprou passagem e embarcou rumo a Lajeado. No mês seguinte, se encontraram novamente. Entre uma visita e outra, o interesse de um pelo outro crescia.

Depois de três meses, veio o pedido de namoro. Letícia aceitou e assumiu o desafio de manter o relacionamento a distância. Após quatro anos, mesmo longe um do outro, o casal mantém o namoro firme e forte, cheio de planos para o futuro. Com a agenda programada, as visitas ocorrem a cada três semanas. “A vantagem é que não é tão longe”, diz Letícia.

Por ter um trabalho com horário flexível, Vieira consegue passar até seis dias perto da amada quando vem a Lajeado. O casal se reveza, e Letícia também viaja ao Paraná regularmente. Vieira chegou a se mudar para a região e morou quase um ano em Lajeado. A vida juntos foi sem percalços, conta ela. “Nos demos muito bem morando juntos.” Mas, em função da pouca demanda de trabalho, ele teve que voltar para Matinhos. “Por enquanto estamos considerando como vamos fazer para ficar juntos novamente.”

Para Letícia, o ciúme deve ser deixado de lado em um relacionamento a distância para não atrapalhar o namoro. É importante cada um ter sua liberdade e para isso é preciso muita confiança. “Para finalizar, o companheirismo é essencial.”


Um olhar aprofundado

Segundo a psicóloga Rebeca Katz, para superar a distância em um relacionamento depende da vontade de cada um. Em alguns casos, estar separado até melhora a relação. Para manter a união, não há regras e a perseverança para estar junto é o que conta.

Jornal A Hora – Afinal, namoro a distância funciona? É possível dar essa resposta ou depende de cada caso?

Rebeca Katz – Não acredito que numa relação a distância se trate de funcionar ou não. É relativo e o que dá certo para um casal pode não dar para outro. É impossível compreender como se mantém um elo entre um par sem conhecer os indivíduos. No entanto, podemos divagar nas motivações de cada um em optar por um compromisso a distância. É compreensível que todos dirão que primeiro se apaixonaram e depois descobriram que a lonjura seria necessária. Porém, será que só o amor mantém uma relação a distância ou há outros incentivos internos?

Jornal A Hora – A maneira como a relação começou (de perto ou de longe) influenciará em como esse relacionamento ocorrerá a distância?

Rebeca – A forma que cada um se vincula ao outro para formar um casal, sem dúvida, é a parte mais importante. Contudo, o que existe dentro da pessoa é o que tornará a distância suportável. É preciso considerar o momento em que os futuros namorados decidem ficar juntos. Eles sabem desde o início que será um relacionamento só de encontros marcados, ou foi preciso se separar após um período de namoro? Certamente influencia as motivações internas de cada um.

Assim como a distância pode ser necessária para algumas relações, para outras, pode ser destruidora. Deve assustar pensar que estar longe pode ser bom para alguns casais, já que convencionalmente as pessoas acreditam que o vínculo só se dá pela aproximação, mas aqui estamos falando de humanos, em que todas as formas de amor são aceitas.

Jornal A Hora – O que o casal precisa fazer para manter a saúde do relacionamento a distância?

Rebeca – Não há regras para manter uma união, nem perto, nem longe, tampouco, receitas milagrosas ou medicamentos. Para estar junto, basta querer. O conflito só será um problema se alguma das partes não estiver feliz, se houver algum prejuízo do funcionamento da relação ou se o que é suficiente para um não for mais para o outo. Então, se questionar, pensar e repensar, sozinho e com o par, conversar e se expressar, não há outra forma saudável de lidar com as dificuldades.

Acompanhe
nossas
redes sociais